- Voltar à Home »
- Capítulos , Especiais , Wings of Eternity »
- Wings of Eternity - Capítulo 3
Frente de Defesa
Amy
aguardava na marina de Alto Mare, enquanto o avião anfíbio pousava sobre as
águas da cidade. Richard e Ellie a acompanhavam enquanto os últimos membros do
time que formariam desembarcavam. Para a surpresa da Campeã, Ethan saía da
aeronave com dois adolescentes logo atrás dele.
— Amy,
meu amor! Como vai vo... — O cumprimento do rapaz foi interrompido por nada menos que um soco no rosto desferido pela sua companheira, o que o fez cair para trás a
ponto de quase ir parar de volta no avião. — Ai! O que significa isso?
— VOCÊ
TEM COCÔ DE PIDGEY NO LUGAR DO CÉREBRO? DUAS CRIANÇAS?
Sapphire
e Ruby se sentiram desconfortáveis assim que notaram que o termo “crianças” se
referia a eles, mas frente à fúria daquela mulher preferiram não dizer nada.
Ethan ainda massageava a bochecha onde havia recebido o golpe enquanto tentava
se explicar.
—
Esses dois são talentosos, e participaram na operação em Mauville para
interceptar a Team Aqua e Team Magma! São como a gente naquela época.
— Eu
não quero saber! Não vou deixar que menores de idade se coloquem em risco no
território sob minha jurisdição! Um dos meus maiores esforços desde que assumi
o posto de Campeã foi trabalhar junto com as autoridades de Johto para que
nenhuma criança precise se arriscar da forma que a gente fazia antigamente!
— A
gente fazia não porque a região não tinha competência! A gente fazia porque era
o que achávamos certo!
A
resposta de Ethan pegou Amy desprevenida. Ela ameaçou retrucar, mas acabou por
travar a fala, sem conseguir rebater aquele argumento. A Campeã suspirou
profundamente e coçou a cabeça, demonstrando desacordo com aquela situação.
— Não tinha
outras pessoas que você poderia trazer?
—
Confia em mim, eles são bons.
Naquele
momento os dois foram interrompidos por Ruby, que caminhou até eles com a mão
levantada como quem pedia atenção.
— Senhorita
Amanda Green, não é? Como alguém nascido e criado em Johto, é uma honra poder
conhecer a Campeã atual. Eu não sabia que você era a namorada do Ethan. Quando
perguntamos a ele ainda lá em Hoenn sobre o que se tratava a situação a qual
ele queria nossa ajuda, ele nos disse que você não passou os detalhes. Mas vejo
pela sua reação que não é algo que eu ou Sapphire deveríamos nos envolver.
Estou certo?
— Está
correto — Amy respondeu de forma objetiva. — Não temos a confirmação ainda, mas
notamos que algumas forças estranhas estão se movendo aqui em Alto Mare, com um
potencial considerável de perigo. Não estou duvidando do que o Ethan disse
sobre a capacidade de vocês, até porque ele é bom em reconhecer o talento de
treinadores mais jovens. Mas fico preocupada de colocar vocês em risco sendo
tão novos.
— Muito
bem, era o que eu precisava ouvir. Nesse caso, imagino que podemos pegar o vôo
de volta para Hoenn, não é? — Ruby já começava a se dirigir de volta para o
avião. — Sapphire, vamos embora.
— Eu
vou ficar e ajudar o Ethan.
Ruby
ainda de costas para o grupo parou, ainda sem olhar para a amiga.
—
Desculpa, eu acho que não ouvi direito.
— Ethan
é um amigo de longa data meu e do meu pai. Eu vou ajudar ele.
O
coordenador virou-se para sua companheira de jornada com um ombro apoiado na
mão enquanto massageava as pálpebras dos dois olhos com os dedos.
— Tudo
bem, vamos ficar. Só não vem se arrepender depois quando algum acontecimento
catastrófico estiver pra explodir na nossa cara.
— Já
tava me preparando pra tentar te convencer — disse Sapphire em tom de surpresa.
— A
convivência com gente teimosa que nem você me ensinou que entrar em batalhas
perdidas é desperdício de tempo.
—
Desculpa, eu não posso concordar com isso — disse Amy, ainda consternada. —
Como eu vou ter certeza de que vocês conseguirão se defender por conta própria? Seja
lá o que estiver causando problemas, se tivermos que lutar contra isso ao mesmo
tempo em que protegemos vocês as coisas vão ficar muito mais complicadas.
— Eu
tenho uma ideia — disse Ellie. — Podemos colocá-los em funções de suporte, enquanto
os treinadores mais experientes lidam com a linha de frente.
— Acha
que isso pode funcionar? Ainda podemos estar em desvantagem numérica —
contestou Richard.
—
Vocês três são treinadores de alto nível, conseguem lidar com situações mais complicadas.
Mesmo eles dois sendo inexperientes ainda podem ajudar com tarefas de apoio e
retaguarda. Eu vou orientá-los.
Amy
respirava fundo, procurando manter o controle de si própria. Para ela, a
situação era absurda o bastante para não achar que devia contestar.
— Se
eles se machucarem somos nós que vamos ter que assumir a responsabilidade.
Vocês estão cientes disso, certo? Eu ainda tenho um caso pior. Não me preocupo
muito com a minha própria imagem, mas se isso ocorrer não é apenas a minha
reputação, mas a da Liga Pokémon de Johto que estará arranhada. Eu não tenho
como deixar que a situação com esses dois se arraste para algo perigoso.
Mesmo
com Amy e Ruby contrariados o grupo retornou até o hotel onde estavam se
reunindo. Sapphire ficou deslumbrada com o saguão luxuoso que se estendia de
forma a parecer muito maior do que se tinha a impressão do lado de fora.
Quando
retornaram à suíte, Amy abriu um mapa de Alto Mare na mesa central do recinto
para que pudessem traçar uma estratégia de patrulha pela cidade, na intenção de
tentarem detectar qualquer atividade suspeita nos arredores. Para isso ela foi
marcando pontos estratégicos que deveriam receber cobertura para que pudessem
levar informação para o restante da equipe de forma rápida.
—
Ellie, os guardiões estão sendo protegidos nos Jardins Centrais, estou certa? —
perguntou Amy. — Preciso que você me confirme, pois isso foi acordado com o
antigo Campeão.
—
Exatamente. É um local místico, pois já serviu de morada para o Duo na época
que eles protegeram Alto Mare pela primeira vez. Pelo menos é o que diz a lenda
antiga, então achamos melhor alocá-los lá, pois se for verdade então é um local
familiar a eles.
— Mas
eles são os mesmos desde aqueles tempos? — Ethan ficou confuso. — A lenda diz
que eles têm um ciclo de vida, e que geram filhos de tempos em tempos para
manter os deveres de guardiões.
— Isso
é verdade, mas eles fazem isso já no final das suas vidas que só podem ser interrompidas por ferimentos, ou seja, eles não envelhecem. E de alguma forma os
filhos mantém os deveres como guardiões. É estranho, porque é como se as memórias
dos pais fossem transmitidas aos filhos durante essa transição entre gerações.
Mas isso é só uma das teorias que existem sobre esse fato.
Amy
percebeu que Sapphire e Ruby ainda estavam confusos. Eles não haviam recebido
as informações iniciais sobre o que estava ocorrendo ali, e por isso toda
aquela conversa entre os mais velhos era vaga e fora de contexto.
—
Sapphire, certo? — a Campeã indagou, logo despertando a atenção da menina. —
Você como nativa de Hoenn já deve ter ouvido em algum momento a lenda de Latios
e Latias.
— Meu
pai possui muitos livros sobre o folclore de Hoenn, e eu cresci com ele lendo
vários deles pra mim. Eu sei sobre o Duo da Eternidade, só não sei o que eles
têm a ver com a nossa vinda pra cá.
— Eles
têm tudo a ver, pra ser bem direta. Sapphire, Ruby, nós temos aqui com a gente
Richard e Ellie. Ellie é a guardiã de Latias e Latios. Ela é uma pessoa
sensitiva devido a seu posto, e sentiu um grande perigo rondando os dois
Pokémons lendários. Por isso eles dois vieram de Oblivia para nos ajudar a
manter a localização do Duo sob nosso conhecimento. Basicamente, vamos manter a
vigilância na cidade até descobrirmos que perigo é esse que eles estão
correndo.
A
pedido de Ellie o grupo se dirigiu até os Jardins Centrais, local considerado sagrado
nas lendas da cidade e onde os dragões estariam sendo mantidos sob proteção. O
lugar parecia ter saído de um conto de fadas, um jardim vasto e arborizado rodeando um lago de margens sinuosas com uma grande fonte ao centro e
ramificações que se espalhavam por toda a área, tornando necessárias pontes
para ligar alguns pedaços de terra mais rápido.
Alguns
postes iluminavam o caminho de ladrilhos, já que as árvores próximas obstruíam
a luz da lua e tornavam o lugar mais escuro. Amy foi guiando o grupo até que
chegaram às margens do lago. Ellie tomou a frente dos outros e quando parou de
frente para a água fechou os olhos e permaneceu em silêncio.
Apenas
Richard e Amy sabiam o que a mulher estava fazendo. Ethan e os mais novos
estavam um pouco confusos, mas aguardavam pacientes, pois sabiam que devia ser
algo importante. O que surpreendeu a todos no momento foram os braços da
guardiã sendo cobertos por linhas luminosas que pareciam ser tatuadas, emitindo
um brilho fraco com a mesma intensidade dos olhos da mulher. Quem estava perto
podia sentir o ar ficando morno com aquela energia sendo emanada.
Ethan,
Sapphire e Ruby, que jamais haviam visto algo parecido, estavam quase
hipnotizados pela energia mística que rondava o ambiente naquele instante.
Nenhum deles conseguia expressar uma única sílaba. Pareciam sequer querer dizer
algo, estavam apenas apreciando o momento.
Num
breve instante duas criaturas apareceram dando vôos rasantes no lago. Eram
rápidas a ponto de ser difícil acompanhar ambos com os olhos. Quando pararam de
frente para Ellie o grupo todo pôde ver melhor que se tratava de dois dragões
de aparência bem similar, com exceção do fato de que um possuía algumas escamas
azuis e era maior, enquanto a menor tinha o mesmo padrão de escamas na cor
vermelha.
—
Estes são Latios e Latias — Ellie apresentou as criaturas ao grupo. — O Duo da
Eternidade e os guardiões de Alto Mare. Protegê-los é o nosso objetivo, é pra
isso que estamos reunidos aqui na região de Johto.
— Nos
certificamos de que eles estão bem — disse Ethan. — Qual o próximo passo agora?
—
Tentar descobrir qual é o perigo que eles estão correndo — disse Amy. — Mas vai
ser difícil sem informações mais específicas. Ellie, seus pressentimentos não
revelam alguns detalhes do que pode ocorrer?
—
Infelizmente não. Eu não tenho visões do futuro ou algo do tipo. Seria bastante
útil em situações como essa, mas só tenho sensações mesmo.
— Como
vamos nos preparar pra interceptar uma ameaça se a gente nem sabe do que se
trata? — Ethan se mantinha desconfiado com a eficácia de todo aquele
planejamento, uma vez que a causa do problema era desconhecida. — Isso não está
certo, deveríamos fazer uma busca pela cidade para poder descobrir quem ou o
que está causando esse perigo!
— Se
isso for realmente obra de alguém, causar burburinho na cidade só vai tornar o
inimigo mais atento — disse Amy. — Patrulhar como combinamos é o melhor que
podemos fazer agora.
— Se é
um inimigo, então Latias e Latios estão correndo perigo de verdade!
— Se é
um inimigo, é uma boa estratégia darmos a ele a falsa sensação de segurança. Se
ele estiver em estado de alerta será mais difícil rastreá-lo.
Ethan
começava a ficar visivelmente estressado. Para ele toda aquela situação era no
mínimo esdrúxula para ser aceita com tanta facilidade por Amy. O rapaz durante
toda sua vida se colocou em risco pelo que achava certo, mas ao trazer riscos a
Pokémons a situação já era bem diferente.
Amy
sabia o que seu namorado estava pensando naquele momento. O conhecia bem o
suficiente para ler cada nuance das suas expressões.
— Eu
jamais colocaria os guardiões em perigo, assim como não faria com qualquer
outro Pokémon. Você sabe bem disso. Me incomoda tanto quanto a você ter que
fazer as coisas dessa maneira, mas eu não vou deixar que eles sofram um
arranhão sequer. É meu dever como Campeã garantir que tudo corra bem. Você vai
confiar em mim, certo?
Ethan
ainda estava incomodado com a maneira como os planos iriam se desenrolar, mas o
pedido de confiança de Amy era carregado de convicção. O rapaz conhecia a
companheira que tinha de longa data. Sabia que quando ela colocava algo na
cabeça era capaz de fazer o impossível. Por isso ele acabou por ceder, mesmo a
contragosto.
— Tudo
bem. Vamos prosseguir com o plano atual. Eu sei que você tem a capacidade de
proteger os dois, mas essa é uma situação onde não pode haver erros. Temos que
deixar o plano muito bem amarrado para que tudo saia conforme o planejado.
Os
dois dragões se aproximaram de Ellie. Ambos aninharam-se na velha conhecida, e
ela retribuía o gesto afetuoso. Ellie escondia a preocupação para não perturbar
as criaturas, mas era visível que ela naquele momento parecia lutar contra sua
própria inquietude. Afinal, a incomodava o fato de que Latias e Latios
aparentavam estar muito tranquilos, sinal de que ainda não haviam sentido nada
de errado acontecendo.
Richard
observava a cena atento à cena, parecendo interpretar bem os sentimentos de sua
esposa. Ruby e Sapphire permaneciam com os olhos vidrados nos Pokémons
guardiões, pois jamais haviam visto espécies consideradas lendas em vários
lugares do mundo.
— Sabemos que Latios está com aquela "arma secreta" dos draconids — disse o guardião. — Se ele precisar usar antes de chegarmos até eles, creio que vai mantê-los bem protegidos.
—
Sabemos que por agora eles estão bem — disse Amy após chamar a atenção de
todos. — Agora devemos voltar ao hotel para descansar. Amanhã começamos a por o
plano em prática. Não se preocupem com a questão de hospedaria, posso arranjar
quantos quartos precisarem.
• • •
Ruby
despertou na manhã seguinte se sentindo em um filme. A luz do dia penetrava
radiante pelas imensas janelas do quarto que davam para uma sacada de frente
para o mar. Ao abrir as cortinas, toda aquela paisagem se expandia a sua
frente, mas a harmonia de sua visão era contaminada pelos resmungos de
Sapphire, que ainda estava se revirando em sua cama.
—
Fecha essa droga de cortina, eu ainda to tentando dormir!
— O
que está dizendo? Estou apenas sentindo um pouco da sensação que vou ter ao
acordar em hotéis de luxo quando eu for um Top Coordenador mundialmente famoso.
Isso pode demorar um pouco, então quero aproveitar ao máximo.
— Vai
ver se você vai ser um Top Coordenador fotogênico quando eu socar sua cara até
você ficar desfigurado.
— Eu
não esperaria nada menos de uma troglodita feito você — disse o garoto
emburrado enquanto fechava as cortinas novamente.
Após o
café da manhã todos se encontraram novamente na suíte onde Amy se hospedava. Os
seis membros do grupo revisaram o plano de patrulha e depois se dividiram em
grupos. Richard e Ellie ficariam com os guardiões nos Jardins Centrais, onde
haviam os encontrado na noite anterior, como uma forma de prevenção para o caso
de eventuais inimigos descobrirem onde os dois eram mantidos.
Ruby e
Sapphire estariam em uma posição mais segura, observando a zona central da
cidade de um dos prédios mais altos, prontos para reportar quaisquer atividades
suspeitas aos outros membros. Ethan e Amy, por sua vez, patrulhariam as vielas da
cidade, por onde pessoas suspeitas poderiam se locomover sem chamar atenção.
Chegou
então a noite, o período onde a atividade deles exigiria mais atenção. Era o
horário onde era mais provável que algo pudesse acontecer, segundo a lógica que
Amy desenvolveu em seus anos na Team Rocket.
Enquanto
Ethan estava na parte mais ao sul da cidade, perto da zona portuária, a Campeã
se deslocava pelo norte em uma área mais residencial, mas ainda assim muito
pouco movimentada. Amy interrompeu a caminhada ao ouvir passos de um grupo de
pessoas. Pelo som baixo e ritmado ela conseguia sentir que quem quer que fosse
estava disfarçando sua movimentação. A mulher tentou espiar de uma esquina
quando viu duas mulheres e um homem caminhando em direção ao centro da cidade.
Ela aguardava
uma oportunidade de se aproximar para tentar descobrir o que eles conversavam,
mas ao ameaçar sair sentiu braços a envolvendo com força e travando sua
mobilidade. Amy tinha seus braços imobilizados, sua boca tampada com uma mão e
seu corpo jogado contra a parede de forma que ficasse totalmente presa. Ela não
conseguia virar o rosto para trás e ver quem a estava mantendo daquela maneira,
mas não foi necessário, pois sabia a quem pertencia aquela forma de falar.
— Você
não se cansa de se meter onde não é chamada, não é mesmo Amanda?
FIM DO CAPÍTULO
Se fudeu Amanda, Ethan tem novas crianças para vc cuidar.
ReplyDeleteEthan morre, mas ninguém se livra dele. O desgraçado sempre deixa alguma coisa de lembrança.
Delete