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Maggie


Maggie é a Nidoqueen que lidera a equipe de Miriam, já tendo chegado com sua treinadora a Hoenn. Possui uma personalidade séria, porém é gentil, paciente e educada. Seu principal traço em batalha é a coragem que possui para lidar com situações complexas, mesmo quando está em desvantagem.

Apesar disso não se viu muito dela em batalha ainda. Sua única participação em combate foi na batalha contra Noland, onde fazendo dupla com Shin, seu companheiro de equipe mais antigo, os dois apresentaram um entrosamento que fizeram com que vencessem a batalha sem muita dificuldade, provando que já são um time experiente e bem treinado se comparados às equipes de Ruby e Sapphire.

Primeira aparição:

Capítulo 9 - Velho amigo

Curiosidades:

• A ideia para o time da Miriam foi pensada para que ela já viesse com dois Pokémons da região de Kanto evoluídos, provando assim que era uma treinadora experiente, e a Nidoqueen surgiu como uma opção para que ela tivesse Pokémons não muito comuns em equipes de protagonistas em fanfics;

• Até o aparecimento da Maggie, o autor só tinha treinado Nidokings nos jogos;

• Maggie é a única ace dos times dos protagonistas que não é de uma espécie nativa de Hoenn;

Shin


Shin é um Venomoth que compõe a equipe de Miriam. Já tendo vindo com sua treinadora de Kanto, é um Pokémon bastante experiente e muito bem treinado, sendo um dos mais fortes do seu time. Possui uma personalidade tímida e mais fechada, tendo em Maggie a única amiga com quem consegue conversar abertamente.

Essa timidez e falta de sociabilidade fazem com que Shin passe boa parte do tempo desenvolvendo a sua mente. Por isso, o Venomoth é extremamente inteligente e possui um raciocínio altamente desenvolvido, que o permite, durante uma batalha, imaginar as possíveis situações que podem ocorrer e definir as estratégias necessárias para lidar com cada uma delas. Devido a essa capacidade, dificilmente ele é pego desprevenido. Quando batalha em dupla com Maggie, como aconteceu no desafio contra Noland, Shin consegue potencializar ao máximo esse talento, já que sua companheira fica encarregada de lhe dar cobertura.

Primeira aparição:

Capítulo 9 - Velho amigo

Curiosidades:

• Assim como Nidoqueen, Venomoth foi um Pokémon que o autor imaginou para a equipe da Miriam por não ser muito comum de se ver em times de protagonistas em fics;

• Seu nome deriva de "shi", que significa "morte" em japonês, uma vez que em algumas culturas a mariposa está ligada à ideia de morte.

Brawly

Art by: @animator1965
Brawly é o líder do ginásio da Ilha de Dewford, tendo como especialização Pokémons do tipo lutador.

Ele era um surfista profissional com uma carreira promissora, tendo passado alguns anos na região de Alola, onde conquistou diversos campeonatos e construiu uma boa reputação. Chegou a receber o apelido de "Domador de Tsunamis". Após voltar para Dewford descobriu a perda de um velho amigo, o que influenciou na sua decisão de ficar de vez na cidade, onde havia sido criado, para consolidar sua vida. Com o tempo inaugurou o ginásio local, assumindo o posto de líder. Sua personalidade é bem descontraída, sendo bem difícil vê-lo sair do sério. Brawly valoriza muito uma boa conversa, sempre compartilhando experiências e histórias com seus desafiantes, uma vez que preso ao ginásio essa é uma das poucas formas que tem de saciar seu espírito aventureiro.

Seu ginásio propõe um teste de aptidão física para qualificar os treinadores que desejam desafiá-lo. Seu estilo de batalha é bastante ofensivo, usando golpes fortes e técnicas para potencializá-las. Ele tem como localização oficial uma academia que Brawly administra no centro da cidade de Dewford, mas o líder prefere realizar as batalhas no topo da Granite Cave, seu local favorito de treinamento, bem como a praia onde mais gosta de surfar.

Foi revelado durante o desafio da Sapphire que ele deseja entregar seu cargo como líder de ginásio ao final da temporada atual da Liga Pokémon para voltar à carreira como surfista.

Primeira aparição:

Capítulo 15 - Cultura milenar

Especiais:

A Gym Leader's Life

Equipe:

 

Nomes da Equipe:

Shakti (Meditite): poder ou energia na língua sânscrita. Também é um termo utilizado para se referir a divindades do sexo feminino no hinduísmo.

Oka (Makuhita): nome havaiano relacionado à força segundo esses sites de nomes para filhos que não tenho 100% de certeza se são confiáveis. Mas foi escolhido um nome havaiano porque o Makuhita do Brawly foi capturado na região de Alola.


FanArt #04 - Dark Grovyle


Descrição: Gijinka da Skitty do Ruby
Desenhista: Dark Grovyle
Técnica: desenho feito a lápis, lineart e pintura feitos no MediBang Paint

"A ideia original desse gijinka era ser uma sketch para outro gijinka da mesma personagem, mas durante o processo eu gostei do resultado e terminei o desenho. A inspiração que eu tive foi a Yuno de Mirai Nikki, acho que o cabelo dela combinou com a Skitty e eu tentei passar essa característica mais fofa dela."

E só foi necessário um único capítulo com ela para que você acertasse na mosca essa expressão sorridente dela (ou para os mais desconfiados, a cara de quem vai fazer bagunça kkkk). A Skitty está aos poucos se tornando o Pokémon mais apegado ao Ruby, e quem sabe muito em breve não teremos um capítulo para revelar algo mais sobre ela, finalmente? Vai que daqui um tempo eu venho aqui mudar o nome da art de "Gijinka da Skitty do Ruby" para "Gijinka da..." Pois é, já temos nome definido e card pronto. Basta apenas a aparição para poder criar a ficha!

Como eu acabei me enrolando e demorando um pouco além da conta para postar as arts, eu tive a oportunidade de ver outros trabalhos seus sendo postados no Discord, menino Grovy. Continua pegando firme que você tá mandando muito bem. A tendência é melhorar cada vez mais. Não seja como eu, um preguiçoso que fica só na vontade kkkkkkkkkkkkkk

Parabéns pela art, e obrigado por lembrar da Skitty! Ela com certeza é uma das personagens que eu mais gosto no time do Ruby, porque ela é oposta ao Jeff, mas tem seu próprio jeito de deixar o Ruby de cabelo em pé.

Valeu, maninho! õ/


Notas do Autor - Capítulo 17


Esse capítulo em particular me deu uma satisfação extra ao vê-lo postado. Para começar, ele representa a conquista da segunda insígnia da Sapphire, que é um marco onde muitas fics não chegam (apesar de que hoje já é mais comum). Essa segunda batalha de ginásio, em Dewford, foi um ponto de muita importância na AEH antiga, porque eu acredito ter sido a melhor batalha que escrevi naquela versão da história. E agora nesse reboot eu acho que ela também ultrapassou a da Roxanne. Mas eu quero continuar trazendo batalhas ainda mais legais conforme a história for caminhando.

Outro fator é que este é o capítulo 17 (aquele bendito número que envia sinais de bons tempos para a Aliança desde 2011), então precisávamos fazer algo a altura, não é?

E por fim um último ponto de importância é algo que eu não tinha comentado abertamente com vocês, nem aqui no blog e nem no grupo do Discord, que é o fato de que uma das metas que eu estipulei para 2019 era a de fechar o arco de Dewford até o Carnaval. E olha só, na sexta-feira de Carnaval foi postado o capítulo que fecha esse arco! Apesar do próximo começar em Dewford, ele já faz parte do arco de Slateport.

São quase 20 capítulos na história principal, com 2 especiais para a Roxanne e o Brawly! Quando eu fui convencido a voltar a escrever, depois de 2 anos longe das fics, eu queria chegar a esse marco de novo, mas sempre tive aquela dúvida de que eu conseguiria. Mas estou sendo muito paciente. A cada capítulo que eu consigo postar eu renovo as metas. "Cheguei no 17, então consigo chegar no 19", e por aí vai.

A AEH antiga foi encerrada com a Sapphire prestes a conseguir sua quinta insígnia. O capítulo que seria postado em seguida, caso a fic não tivesse sido encerrada, seria justamente a revanche dela contra o Norman. Então duas insígnias agora pode parecer um marco insignificante perto do que eu já consegui alcançar antes, mas pra mim vale muito. Acho que é mais difícil você pegar esses "checkpoints" quando está voltando de um longo tempo sem escrever do que quando está começando.

Bem, até Mauville há um longo caminho a ser percorrido, mas estamos a todo vapor rumo à Slateport. Um passo de cada vez nos leva longe, e a cidade portuária nos reserva algumas coisas interessantes que poderão dar um tempero especial à história. Tretas, Contest e uma revelação inesperada é o que espera vocês lá.

Valeu, pessoal! Bom Carnaval a todos! õ/

Capítulo 17

Determinação

Art by: lyannaa

Já entardecia quando Sapphire e Brawly se encaravam no topo da Caverna de Granito para dar início à batalha. Algumas estacas suspendiam tochas acesas que contrastavam com o céu cuja cor alaranjada aos poucos se transformava em um azul escuro.

Atrás de Brawly estavam algumas pessoas que frequentavam a academia e alguns amigos pessoais do líder. Entre eles um homem de idade já avançada, perto dos cinqüenta anos. Seus traços indicavam que ele vinha da distante região de Alola, um paraíso para surfistas onde o agora líder de Dewford havia morado por uns anos.

— Aí, Kola! Ansioso para estrear como juiz de batalha? — indagou Brawly.

— Nunca é tarde demais para aprender algo novo, não é? — o homem estalava os dedos enquanto caminhava até a lateral da arena improvisada.

O líder se voltou para a sua desafiante.

— Sapphy, a gente vai começar assim que você der o ok.

— Certo — respondeu a menina, que mexia a mão dentro de sua bolsa. — Tô terminando de me preparar aqui e a gente já começa.

Ruby se aproximou do ouvido da garota e levou uma das mãos à boca.

— Ele te chamou de Sapphy?

— Não pergunta sobre isso...

Zinnia passava pela multidão, curiosa para ver do que se tratava aquela quantidade de gente reunida no local. Quando chegou a um ponto menos movimentado percebeu que ali haveria uma batalha, e uma das participantes era a menina que encontrou na Caverna de Granito dois dias atrás.

— Ora, ora... Vamos ver como a garota se sai em batalha.

— Também estou curioso para ver o desempenho dela, mas o líder daqui de Dewford é um oponente de alto nível — disse um menino de cabelos loiros que estava ao lado.

Zinnia olhou para o garoto de relance e voltou sua atenção à arena de batalha sem dar muita importância, mas logo em seguida olhou de volta para ele com uma expressão de espanto. Sentia algo estranho vindo dele, uma energia que não era capaz de descrever, algo que jamais tinha visto vindo de um humano.

— Quem é você? — a mulher perguntou.

— Imaginei que você fosse perceber algo, draconid — o garoto sorria com o canto da boca. — Eu posso te contar, mas prometa que será o nosso segredinho.

Após o período de preparação Sapphire se posicionou do lado oposto ao ocupado por Brawly na arena. Com o entardecer a maré subia de forma que as ondas começavam a bater com força na parede de rochas, espirrando água com frequência por cima dos espectadores, mas não o suficiente para encharcá-los.

O líder aguardava paciente o sinal da garota para que pudessem começar o confronto. Não demorou muito para ouvir a frase que estava esperando.

— Estou pronta — disse a desafiante, com a voz um pouco trêmula por conta da ansiedade.

— Hora de me mostrar o que tu sabe fazer — Brawly sacou uma Pokéball de seu bolso, arremessando-a a sua frente. — Shakti, bora vencer mais essa!

Uma Meditite tomou forma no campo de batalha, se sentando logo em seguida e assumindo uma posição de meditação enquanto aguardava a revelação de seu adversário. Era um Pokémon que combinava os tipos lutador e psíquico, algo incomum para Sapphire que era uma novata.

A menina não se intimidou com a escolha do oponente. Os olhos azuis focados passavam a segurança de quem tinha plena convicção de como lidar com a situação. A ansiedade que fazia suas mãos tremerem dessa vez não era medo, mas sim a euforia por ter alcançado aquele momento mais uma vez. Era hora de lutar por um novo marco e alçar um novo patamar como treinadora. Já tinha conseguido uma vez, poderia conseguir de novo.

— Torchic, você começa!

Dan entrou na arena, mas não tomou a iniciativa do ataque. Ficou apenas encarando a Meditite a sua frente, que por sua vez não fazia movimento algum. Seus olhos, inclusive, estavam fechados, como se ignorasse a presença do oponente.

— Não vai me atacar? — questionou a lutadora, sem se mover.

— Assim que você assumir uma posição de batalha — Dan respondeu. — Não vou atacar um oponente de guarda baixa.

— E quem disse que estou com a guarda baixa? Estar em guarda não necessariamente significa erguer os punhos para o oponente.

O Torchic franziu o cenho em desaprovação com o que acabara de ouvir. A serenidade de Shakti mais parecia um desaforo com leve toque de prepotência. Estaria ela tão convencida de que o venceria?

— Você fala demais pra alguém que está meditando.

— E se eu não tivesse respondido você me acharia rude. Você é um sujeito bem difícil de agradar, pelo visto. Provavelmente tem problemas para se relacionar com seus companheiros de equipe.

Dan fechou a cara no mesmo instante. Se havia algo que não suportava, era ficar sem resposta em qualquer situação que fosse. Shakti o deixava sem palavras, seu raciocínio parecia não funcionar. Não sabia como rebater os argumentos da oponente, mas não tinha tempo para isso. Ele se sentiu aliviado ao receber a primeira ordem de Sapphire, ainda que não gostasse de ser comandado pela garota. Só queria um motivo para partir para a briga.

— Torchic, vamos começar com o Sand Attack! — ordenou a treinadora.

— Vamos ver se suas habilidades de combate são tão afiadas quanto sua língua! — Dan se aproximou da Meditite e deu um golpe no chão com uma de suas patas, espirrando um punhado de areia para cima da adversária.

Shakti se manteve inerte até o último momento, quando seus olhos emitiram um brilho estranho. Para a surpresa de Dan e Sapphire, a lutadora se esquivou da areia com uma habilidade incrível. Era como se ela soubesse com exatidão como seria aquele golpe.

Detect... — disse Ruby com tom de preocupação. — Me faz lembrar o Hitmontop do Bruno da Elite da Liga Índigo.

— Nem me lembre, é um cara que eu não gostaria de enfrentar — Miriam não tirava os olhos da batalha. — A Sapphire vai ter uma batalha muito enjoada contra essa Meditite.

— Pelo visto não vai ser fácil, mas ela tem chances. O que nos resta é torcer para que tudo saia bem.

— Hora de dar um pouco mais de emoção — Brawly comentou descruzando os braços. — Force Palm!

Shakti correu na direção de Dan. O Pokémon de fogo tentou se esquivar, mas sua oponente conseguia ler seus movimentos com clareza. Com a guarda baixa ele não teve tempo de posicionar a defesa, e por isso acabou sendo golpeado com força na região do estômago.

Sapphire observava o desenrolar da batalha apreensiva. A discrepância de nível entre os dois era considerável, e qualquer movimento mal calculado resultaria no seu Torchic apanhando cada vez mais. Pokémons lutadores eram ágeis e poderosos em combate de curta distância, e era esse tipo de confronto que Brawly tentava forçar a princípio. Era hora de mudar a abordagem.

— Torchic, aguente firme! Vamos trabalhar a distância, use o Ember!

Dan estufou o peito e disparou uma rajada de brasas na direção de Shakti. Os projéteis percorriam sua trajetória com grande velocidade, obrigando a Meditite a fazer grande esforço para se esquivar. Distraída com o ataque, ela não viu o Torchic avançar por trás para golpeá-la com um Peck, que causou um dano incômodo.

Brawly observava as reações de Sapphire a cada turno da batalha. O líder não parecia muito preocupado com o golpe sofrido por sua Meditite. Ele sabia bem da resistência de seus companheiros de equipe, pois eles eram treinados para isso. O que ele não podia deixar de notar era como sua oponente tinha fases ao longo da batalha. Ela ficava eufórica quando seu Pokémon acertava um golpe, e da mesma forma ficava aflita quando o oposto acontecia. O rapaz sorriu discretamente.

— Shakti, use o Meditate!

A lutadora se posicionou da mesma forma que estava antes da batalha começar. Fechou seus olhos e sua respiração se alterou para um ritmo mais cadenciado. Dan ficou enfurecido ao se sentir ignorado novamente. O que ele e Sapphire não sabiam é que aquela era uma técnica usada para aumentar a força de ataque do usuário. Os dois, então, decidiram erroneamente pelo ataque direto, tentando se aproveitar de um suposto momento de vulnerabilidade da Meditite.

Um Peck foi ordenado novamente. Sapphire estava disposta a terminar logo com a batalha, enquanto Dan só queria se afirmar perante Shakti. Brawly permaneceu sereno, o que causou estranheza em Sapphire.

Quando o Torchic se aproximou o suficiente, Shakti se esquivou com perfeição. Dan tropeçou para a frente, ficando em uma posição complicada.

— Deixa eu te ajudar a levantar — os olhos da Meditite começaram a brilhar em um tom púrpuro, enquanto ela movimentava seus braços de maneira semelhante a um regente de uma orquestra.

Dan foi envolto por uma aura da mesma cor que possuía os olhos de Shakti naquele momento. Ele não conseguia se mexer, por maior que fosse o esforço empregado. Seu corpo estava preso, seus músculos não obedeciam mais os comandos de seu cérebro.

— Ih, agora deu ruim — Zinnia comentou, meneando a cabeça em negação.

— Torchic, o que houve? — Sapphire indagou aflita.

— Já pode ir preparando seu próximo Pokémon, Sapphy — disse Brawly. — Acabou pro Torchic. Shakti, Confusion!

No mesmo momento em que recebeu a ordem, Shakti fechou as mãos com força. Dan foi atingido por uma forte dor de cabeça, que o fez se contorcer em angústia. Brawly, porém, não parou por ali.

— Agora vamos fazer bom uso daquele Meditate. Finalize com o Force Palm!

Dan tentava se livrar daquela dor a qualquer custo, e por isso nem percebeu que Shakti estava logo a sua frente. A Meditite abriu uma das mãos, e acertou com sua palma o estômago do Torchic novamente, mas dessa vez com ainda mais força. O Pokémon do tipo fogo foi arremessado para trás, caindo aos pés de Sapphire sem conseguir se movimentar. Não parecia que ia recobrar a consciência tão cedo.

— Torchic fora de combate! — o anúncio foi dado por Kola, juiz da batalha. — A Meditite de Brawly vence o primeiro round. A desafiante Sapphire tem um Pokémon restante em batalha.

Sapphire retornou Dan para sua Pokéball. Era visível a frustração estampada em seu rosto. Era uma batalha importante demais para sair em desvantagem, e mal havia conseguido encostar na Meditite de Brawly. No máximo, um ataque considerado efetivo, mas ainda longe de ser o suficiente para ameaçá-la de verdade.

Brawly a encarava, dessa vez com um semblante sério. Parecia não compreender por que havia ganhado aquele primeiro round com tanta facilidade.

— Sapphire, essa é uma batalha oficial da Liga Pokémon. Você está enfrentando um líder de ginásio, e não um amador em uma estrada qualquer. Você está competindo pela sua segunda insígnia, algo inimaginável para muitos treinadores. Você pode batalhar bem melhor que isso!

A menina não gostou muito de ouvir aquelas palavras, mas sabia que Brawly tinha razão. Por um momento ela questionou se realmente estava dando tudo de si. Sabia a força de seu adversário, mas mesmo assim foi derrotada com facilidade no primeiro confronto. Precisava se recuperar com rapidez, ou aquela batalha viraria apenas uma péssima lembrança de um dia em que as coisas não deram certo. Seu principal Pokémon já estava fora de combate. E o próximo, apesar de ter recebido um bom treinamento, ainda não havia tido a oportunidade de batalhar naquele nível. Mas teria que ser aquela a primeira vez.

— Vamos lá. Você já me deu muito trabalho, agora tá na hora de me ajudar — dizia a treinadora, já com a sua última Pokéball em mãos. — Taillow, saia!

Era a vez de Jet assumir a batalha. O pequeno pássaro pousou em frente à Meditite com um sorriso confiante. Onde ele tivesse a oportunidade de mostrar o quanto era incrível, jamais recusaria o chamado.

Mi corazón se entristece quando me vejo obrigado a lutar com uma bela dama — o Taillow fazia uma pose dramática, encenando uma lamentação exagerada que fazia Shakti o olhar com estranheza. — Pero es lo que tengo que hacer.

— Me livrei daquele Torchic mal encarado para ter que lidar agora com um galã de novela — Shakti deu um suspiro. — É cada um que me aparece...

— Oh, então já enfrentaste o Dan — Jet a olhou de cima a baixo. — Não me parece que tenha se machucado ao lutar com ele.

— É uma pena que não pode dizer o mesmo do seu amigo — a Meditite sorria com um ar provocativo. Ela sabia jogar as palavras para tentar desestabilizar seus oponentes e assim induzi-los ao erro.

— Ah, não não não! Ele não é mi amigo. É no máximo um companheiro de equipe problemático. Agradeço por ter dado uma lição nele. O pequeno Dan estava precisando de alguém para lhe ensinar a ser um pouco mais humilde.

— Será que mais alguém aqui precisa corrigir esse excesso de confiança?

— A qual de nós dois a senhorita se refere?

O sorriso galanteador de Jet era devolvido por Shakti com um olhar sério e penetrante. Ela não cairia em nenhum truque de romantismo barato. Sentia que seu oponente era só conversa, mas foi ensinada por Brawly que jamais se deve deixar a guarda baixa, por maior que seja a certeza da vitória.

— Taillow, nós vamos precisar de muita atenção — disse Sapphire. — Teremos que enfrentar dois adversários para vencer essa batalha, e só sobrou você. Tenha cuidado.

O pássaro acenou positivamente com a cabeça, indicando que havia compreendido a orientação de sua treinadora. Sapphire se viu satisfeita com a resposta, pois temia que aquele Taillow fosse mais teimoso depois de todas as vezes que a irritou antes de ser capturado. Pelo visto ele era bem mais fácil de lidar do que o Torchic.

— Certo, vamos começar com o Focus Energy!

Jet começou a emitir uma aura de energia em volta do seu corpo, ao mesmo tempo em que mantinha uma postura de alta concentração. Seus olhos travaram a mira em Shakti. A lutadora se colocou em posição de alerta, sabendo bem do risco que corria com aquela técnica.

— Não vamos dar abertura para eles fazerem o que querem — Brawly estendeu o braço para frente, enfatizando a ordem. — Avance e use o Force Palm mais uma vez!

Shakti já avançava com a palma da pata dianteira em posição para golpear Jet, mas assim que chegou a uma distância mais próxima Sapphire ordenou que seu parceiro se esquivasse do ataque. Ela já esperava que Brawly fosse se aproveitar do momento de vulnerabilidade do Taillow, e por isso criou uma estratégia que atraísse a Meditite para um raio de ataque mais curto.

Wing Attack! — exclamou a garota.

Enquanto sua adversária corria em sua direção, Jet pegou impulso e deu um voo rasante em alta velocidade de encontro a ela, que não conseguiu frear e mudar de direção a tempo. As asas do Taillow emitiram um brilho intenso, e ao acertar Shakti a mesma foi arremessada metros para trás. A efetividade do ataque causou ainda mais dano na Meditite, já desgastada por ter sido acertada por Dan ainda no round anterior com um golpe também do tipo voador.

Soy El Gran Falco, o mais rápido de toda Hoenn! Não tem como você me superar em uma disputa de velocidade.

— Parece que você faz muito mais do que só falar besteira — Shakti já demonstrava dificuldade em falar. — Mas o que vem depois de mim é muito pior. Se quiser vencer, não o deixe ficar entretido com a luta.

Após o último aviso Shakti desabou inconsciente. Sapphire e Brawly estavam de volta a uma condição de igualdade, com apenas um Pokémon restante para cada lado. A menina recuperou a confiança ao conseguir anular a desvantagem numérica sem que o Taillow sofresse dano algum. Este, por sinal, se mostrava uma grata surpresa no time da treinadora. A situação antes complexa agora já era mais tranquila. Porém, ainda longe de dar à desafiante algum descanso.

— Esse é o tipo de postura que eu gosto de ver em um desafiante — comentou Brawly, enquanto retornava Shakti para sua Pokéball. — Manter a calma e continuar dando tudo de si, mesmo em desvantagem. Já vi muitos desistirem em situações bem mais fáceis. Obrigado por ter continuado até aqui, Sapphy.

— Desistir é um luxo que eu não tenho — disse a garota, com um sorriso de confiança. — E pra ser sincera eu nem quero.

— Sabe, os líderes de ginásio em Hoenn têm lições diferentes a ensinar aos seus desafiantes. Você enfrentou a Roxanne, então ela provavelmente falou algo pra você sobre a capacidade de se adaptar a condições adversas.

— Sim, eu lembro disso.

— A lição que eu tento passar àqueles que me desafiam é a determinação. É buscar a vitória a todo custo, mesmo que tudo esteja dando errado. Se tu conciliar a resiliência à determinação, então será capaz de fazer coisas inimagináveis. Mas tu tem algo a mais. Eu não precisei te ensinar nada sobre determinação, tu já possui esse traço naturalmente. Há muito tempo um desafiante assim não aparece pra mim. O último desses que apareceu acabou de assumir o cargo de Campeão. Espero poder te ver em ação na Liga Pokémon muito em breve.

O líder sacou sua última Pokéball. Aquele seria o round derradeiro da batalha, a etapa decisiva que Sapphire precisaria superar para conquistar sua segunda insígnia.

— Mas não pense que vou facilitar sua vida nesse final — ele estendeu sua última Pokéball em direção à garota. — Esse carinha aqui tá comigo desde muito tempo. Eu vou colocar ele na batalha pra poder extrair o máximo dessa sua determinação. Se quiser vencer, tu e o Taillow vão ter que ultrapassar seus próprios limites. Oka, eu escolho você!

O último Pokémon lançado por Brawly era um Makuhita grande até mesmo para os padrões da espécie. A diferença de tamanho entre ele e o Taillow era considerável, de forma que Sapphire e o próprio Pokémon ficaram receosos de entrar em um combate direto. O problema era que Jet também só conhecia golpes físicos.

— Parece que teremos que apelar pra tática do “bater e correr” — disse Sapphire. — É muito arriscado manter a proximidade desse Makuhita por muito tempo. Ele parece ser forte.

— Aquele Pokémon era pra ser tão grande assim? — indagou Miriam em tom de espanto.

— Até onde eu sei, não era não — respondeu Ruby, igualmente atônito. — Tudo bem que o Taillow é bem mais forte do que pensávamos, mas essa diferença de tamanho vai ser um fator de desequilíbrio visto que ambos são usuários de ataques físicos.

— A Sapphire vai ter que apelar pra velocidade, é o atributo do Taillow que ela vai precisar mais nesse momento.

Jet encarava à distância o Makuhita, mas ele parecia muito calmo visto o aviso dado por Shakti. Ele esperava um oponente mais agressivo, mas era estranho o quanto Oka estava quieto. As informações não estavam batendo.

— Ei — o Makuhita chamou. — Você é o meu oponente?

— Eu mesmo, nobre senhor — Jet tentava disfarçar a apreensão. — Por que a pergunta?

— Nada... — Oka começou a soltar um riso abafado, causando ainda mais estranheza em Jet. — Só espero que você me divirta.

Sapphire e Brawly ainda se encaravam. Um aguardava o outro fazer o primeiro movimento. Aquele era um ponto da batalha em que qualquer descuido poderia custar caro. Porém, pouco tempo se passou até que o líder resolvesse tomar a iniciativa.

— Vou dizer mais uma vez, Sapphy. Dê o seu máximo nesse round final, porque eu também vou com tudo!

— Não precisa nem dizer. Taillow, use o Wing Attack!

Brawly deu um sorriso de canto. Por dentro já comemorava a abertura que sua adversária havia lhe dado.

— Era isso mesmo que eu precisava. Oka, intercepte o ataque com o Fake Out!

Jet foi surpreendido ao ver o adversário avançar em sua direção. Mesmo que a estratégia já tenha sido utilizada por Brawly, ainda era surpreendente como aquele Makuhita conseguia se mover com leveza, mesmo que sua estrutura corporal não favorecesse aquele atributo.

Oka atingiu o rosto do Taillow com a pata dianteira, fazendo-o recuar sem sequer tentar executar o ataque que Sapphire lhe ordenara. Jet não entendeu o que havia acontecido. Estava certo de que cumpriria o comando sem hesitar, mas foi como se a ordem tivesse sido apagada de sua memória. O cancelamento do ataque foi de forma quase automática.

— O que houve? — indagou a treinadora em tom de descrença.

Fake Out é uma técnica que se usa para bloquear o ímpeto de ataque de um adversário. Por isso seu Taillow cessou o ataque assim que foi atingido — explicou Brawly. — É uma técnica de entrada, então só posso usá-la no primeiro turno da batalha. Mas ainda é bom para ganhar tempo. Oka, aproveite que o Taillow tá atordoado e use o Bulk Up!

O Makuhita começou a canalizar suas energias para aumentar a própria força. Seus músculos aos poucos se tensionavam, de forma a mostrar que ele seria capaz de dar golpes cada vez mais fortes.

— Não deixa ele concentrar a energia! Use o Quick Attack! — ordenou Sapphire, já prevendo o perigo de deixar aquela técnica ser completada.

Jet se atirou em direção a Oka e o golpeou com toda a força que tinha. O Makuhita deu alguns passos para trás, enquanto o Taillow recuou antes que pudesse sofrer um contra-ataque.

— Consegui causar algum dano? — indagou Jet para si próprio.

Oka coçou a barriga, onde havia sido atacado, e em seguida deu um bocejo.

— Chato...

Jet se assustou ao ver que o ataque não havia surtido tanto efeito. Oka abriu um sorriso malicioso, como se mostrasse que aquela batalha estava sob seu controle absoluto.

— Essa técnica eu acho um pouco chata. Ela aumenta meu poder de ataque e defesa ao mesmo tempo, então eu nunca consigo ter uma luta emocionante porque meus adversários acabam não aguentando. Me diz uma coisa, você acha que consegue durar um pouco contra mim? Eu preciso me divertir mais em combate, porque ultimamente isso aqui tem sido um tédio.

Mucho hablas, pero poco haces. Vamos ver se consegue se segurar por muito tempo!

Jet preparou um novo golpe e partiu em direção a Oka. Sua velocidade era incomparável, nesse quesito não havia Pokémon algum na equipe de Brawly que pudesse superá-lo. Conseguiu chegar por trás do oponente sem que fosse percebido a tempo. Quando o Makuhita se virou para tentar bloquear o ataque já era tarde. Um Wing Attack direto, sem chances de ser defendido.

O lutador sentiu o impacto atravessar seu corpo. Sua vista ficou embaçada e seu estômago parecia ter sido virado de cabeça para baixo.

— O que acha disso? Foi bom pra te divertir um pouco? — perguntou o Taillow.

Grunhidos baixos eram feitos por Oka, deixando Jet em estado de alerta. O ataque parecia ter doído bastante no Makuhita, mas ele começou a dar uma gargalhada intensa, quase descontrolada.

— Era isso que eu queria! — disse o lutador. — Você! Venha até aqui e me divirta de novo! Eu quero mais!

— Você é louco!

— Onde foi parar aquele seu sotaque estranho? Está tão assustado que nem consegue mais interpretar seu alter ego? Eu disse para me divertir mais! Se você não vier até mim, eu vou até você!

Oka disparou na direção de Jet e aplicou um Force Palm sem que houvesse tempo para reação. O ataque foi direto, deixando o Taillow sem ar por alguns segundos. Sapphire soltou uma exclamação ao ver seu parceiro ser arremessado contra uma das rochas que rodeavam a arena de batalha.

— Taillow!

— Essa não — disse Brawly colocando a mão na testa. — Agora ele ficou empolgado...

— Ei, passarinho! — o Makuhita tinha um olhar sádico direcionado a Jet. — Vê se aguenta o tranco, que eu tô só começando!

— Desgraçado... — Jet tossia enquanto se levantava. — Não vai ser tão fácil me derrubar.

Jet se colocou em posição de ataque, abrindo suas asas que começaram a emanar uma energia concentrada que fazia parecer que estavam brilhando. O olhar do Pokémon voador era focado em Oka, que sorria enquanto se preparava para receber o ataque. Ele parecia estar gostando da batalha.

— Vamos, Taillow! Ataque! — ordenou Sapphire.

O voo foi tão rápido que as pessoas em volta não conseguiram acompanhar. Oka se posicionou para receber o ataque, que causou grande dano por ser sua fraqueza, mas no momento exato da colisão o Makuhita agarrou Jet e o arremessou ao chão, como ordenado por Brawly.

— Acerte ele com o Force Palm!

Os dois trocaram golpes sem ceder a nenhum momento. O público em volta observava o último round com olhares maravilhados, outros espantados. Tanto Brawly e Oka como Sapphire e Jet estavam levando ao extremo o desejo de vencer.

— Tenho que admitir, Sapphy — Brawly comentou. — Eu sabia que tu ia me dar uma batalha, não esperava jamais que fosse algo tão intenso. De onde vocês tiram tanta garra?

— Não faz pergunta difícil — respondeu a garota, mostrando um sorriso descontraído. — Eu só tento chegar ao meu máximo, para tentar estender meus limites aos poucos.

— Talvez tu esteja fazendo o certo mesmo. Existem várias formas de se tornar melhor, mas todas elas envolvem um ingrediente em comum: a paixão pelo que fazemos. Por muito tempo eu abdiquei daquilo que eu amo fazer, e tu agora tá me dando uma verdadeira lição de que caminho eu devo seguir daqui pra frente. Independente do resultado da batalha eu tô satisfeito, e agradecido. Mas como líder ainda é o meu dever evitar que tu vença uma batalha fácil. Oka, Bulk Up!

— Manda ver, eu quero levar daqui uma memória que me faça sentir orgulho. Taillow, Focus Energy!

Os dois Pokémons, já esgotados, começaram a canalizar suas energias para aumentar a força para o próximo ataque. A batalha já começava a desenhar seus últimos contornos. Nenhum dos dois estava disposto a perder ali.

Com toda a força que tinham, Oka e Jet avançaram um contra o outro para resolver aquela batalha de uma vez por todas. A colisão da asa do Taillow com o punho do Makuhita criou uma onda de energia que abriu uma pequena cratera no chão abaixo de onde os dois estavam. Ambos travavam um duelo de força para superar o outro, mas no fim das contas o porte físico foi determinante para o resultado e o lutador prevaleceu.

Jet foi ao chão com gritos agudos de dor que assustaram os presentes no local, incluindo Brawly. Sapphire tentava encontrar o motivo da agonia de seu parceiro, até que percebeu que ele mantinha a asa que desferiu o golpe imóvel. Ela, porém, estava torta, uma cena que causou imediato desconforto na treinadora.

— Taillow!

— Droga! — exclamou Brawly. — Kola, interrompa a batalha!

— Espera, olha ali — disse o árbitro.

Quando Brawly voltou sua atenção ao campo de batalha, percebeu que o Taillow se levantava, mesmo com muita dificuldade. Conseguiu se manter de pé e caminhar alguns passos até o Makuhita, embora arrastando sua asa machucada, que o fazia sentir ainda mais dor.

Oka arfava de cansaço. Apesar de ter se saído melhor na disputa de força estava muito desgastado, e também havia sofrido grande dano na troca de golpes. Jet o encarava com um olhar de raiva, algo que não era de seu feitio.

— Você teve a audácia de quebrar a minha asa... — dizia o Taillow ofegante. — Nem que eu morra aqui vou deixar você passar impune dessa!

Brawly observava a cena preocupado. Ele sabia da gravidade da lesão de Jet, e sentia que não podia deixar a luta continuar.

— Sapphy, acho melhor interrompermos a batalha e continuar outra hora. Seu Taillow não pode batalhar nesse estado.

O líder então ficou surpreso ao se ver encarado por Sapphire com um olhar fixo e convicto, apesar de algumas lágrimas que escorriam do rosto da menina. Ela provavelmente estava muito mais preocupada que ele. Afinal, o Taillow era o parceiro de equipe dela. Mas ao mesmo tempo algo a fazia querer ir além.

— Nós vamos continuar, é o desejo do Taillow. Você mesmo disse para ultrapassarmos nossos limites, então respeite a determinação dele! Taillow, Wing Attack!

Jet fez o movimento de guarda com suas asas, tentando ao máximo ignorar a dor excruciante que o afligia. Suas asas brilharam uma última vez, e ele deu um voo rasante para acertar o golpe em Oka. Estava na hora de terminar com a batalha, independente de qual fosse o resultado. Para Jet era o suficiente, pois sabia que tinha dado tudo de si.

— Aqui a diversão que você tanto queria!

O ataque acertou com toda a força que ainda restava em Jet. Oka foi arremessado para trás com tanta força que demoliu a rocha que estava no caminho, e caiu para fora da arena. Jet pousou lutando dessa vez contra a tontura que já fazia sua vista enxergar tudo dobrado. Mas resistia bravamente. Só precisava ficar de pé por mais alguns segundos.

Kola verificou a condição do Makuhita, constatando que o mesmo já estava inconsciente. Levantou uma das mãos e decretou o fim da batalha, no mesmo momento em que Jet caía no chão igualmente apagado.

— O líder Brawly não possui nenhum Pokémon restante. A vencedora é a desafiante Sapph...

O árbitro sequer conseguiu terminar a frase protocolar. Sapphire já invadia a arena de batalha para pegar Jet em seus braços, e sem querer perder tempo o colocando dentro de alguma Pokéball foi correndo em direção ao Centro Pokémon local. Ruby e Miriam não perderam tempo e seguiram a garota.

— Brawly, ela não pegou a... — o homem foi interrompido pelo líder, que pôs a mão em seu ombro.

— Eu cuido disso depois. Pode dispersar os espectadores, que eu vou até onde ela está.

• • •

Já era por volta das oito e meia da noite quando Brawly apareceu no saguão do Centro Pokémon da cidade. Andou até a recepção e perguntou sobre Sapphire. Por coincidência, a enfermeira que havia cuidado do time dela estava passando por ali no mesmo instante, e respondeu o rapaz.

— Eu soube o que aconteceu mais cedo na batalha de vocês. Ela e os amigos estão no quarto 202. Pode ir até lá, só não chame ou bata na porta muito alto.

Brawly caminhou até o quarto indicado pela enfermeira. Ao bater na porta ouviu passos, com a maçaneta virando poucos segundos depois. Quem atendeu o líder foi Ruby, que após perceber quem era logo se virou de volta para o quarto.

— Sapphire, é pra você — disse o garoto. — Pode entrar, Brawly.

O rapaz entrou no aposento. Ele estava um pouco sem graça com o final da batalha, pois o que deveria ser uma experiência positiva para sua desafiante acabou por ter um final estressante.

— E aí? Como ele tá?

Sapphire respirou fundo. A menina ainda estava um pouco abalada com a cena, pois não esperava ver algo do tipo em sua jornada. Era difícil assimilar o que havia acontecido, mas o nervosismo já parecia ter passado.

— Ele teve a asa quebrada naquela troca de golpes. A condição dele é estável, mas a equipe médica disse que foi uma fratura séria.

— Imagino, quebrar uma asa deve ser a pior coisa pra um Pokémon voador — Brawly caminhou até a janela do quarto, de onde ficou encarando a orla da praia com o movimento noturno em volta das feiras. — Não é a primeira vez que acontece. Meu Makuhita tem um temperamento exagerado, ele vive extrapolando os limites. Vou precisar de uma boa conversa com ele. Peço mil desculpas pelo ocorrido. A batalha não deveria ter tomado um rumo tão extremo.

— Não foi sua culpa, Brawly — disse Sapphire. — Nós acabamos indo um pouco além da conta também. Nenhum de nós imaginava que isso fosse acontecer dessa maneira.

— Eu não sei como eu poderia te compensar.

— Não precisa. Eu já fui compensada com a batalha mais intensa que eu tive na minha vida — o sorriso de Sapphire era sincero, o que fez Brawly soltar um suspiro de alívio. — É uma experiência que eu quero ter de novo. Claro, da próxima vez sem nenhum Pokémon meu se machucando desse jeito.

Sapphire estendeu a mão ao líder. Seus olhos tinham sinais de leve inchaço, indicando que ela havia chorado momentos antes. Mas ela tinha um sorriso bem aberto naquele momento. Brawly sorriu também e devolveu o cumprimento.

Quando se soltaram, Sapphire sentiu a presença de um objeto em sua mão. Ao abrir, notou que se tratava de um símbolo metálico em formato de luva de boxe, onde predominavam as cores azul e laranja.


— Você saiu com tanta pressa que acabou esquecendo de pegar a insígnia comigo — Brawly deu um riso breve. — Pronto, não te devo mais nada.

— Se eu te contar que eu ia embora de Dewford e não ia lembrar da insígnia, você acredita?

— Eu duvido — disse Ruby fazendo todos no quarto caírem na risada, com exceção de Sapphire que o encarou emburrada.

— Vocês vão embora em breve, não é?

— Sim, o Ruby tem uma apresentação em Slateport. A gente precisa ir logo pra lá. Partiremos amanhã mesmo.

— Bom, então desejo boa sorte na caminhada de vocês — Brawly estendeu o braço para Sapphire, com o punho fechado. — Principalmente pra tu, Sapphy. Graças a você eu consegui reconsiderar o meu futuro. Qualquer dia a gente se encontra, e vamos ter outra batalha ainda melhor que a de hoje.

— Feito — a menina devolveu o gesto, tocando sua mão com a de Brawly.

— Bem, acho que é isso. Boa noite pra vocês, e uma boa recuperação pro Taillow. Esse carinha merece um descanso.

Brawly foi embora, deixando os três viajantes no quarto do Centro Pokémon. Sapphire parecia bem mais tranquila naquele momento, e só então caiu a ficha de que havia vencido um ginásio pela segunda vez. Olhou para sua recém-conquistada insígnia, e um sorriso prontamente se formou em seu rosto.

— Faltam seis.

FIM DO CAPÍTULO 17

  

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