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Notas do Autor - Wings of Eternity 7

 


E agora sim chegamos ao final desse especial.


Finalizá-lo depois de tanto tempo de planejamento, sendo que por muitos anos isso foi apenas uma vontade minha e da Zyky de fazer algum trabalho juntos, deixa uma sensação até estranha pra falar a verdade. Mas ao mesmo tempo o prazer de um projeto concluído, e de mais uma etapa superada no planejamento que tenho para Aventuras em Hoenn.


Trabalhar com a Ellie e o Richard foi um prazer. Ethan e Amy eu nem falo nada, como ajudo o Dento com a revisão de Johto é como se eles já fossem de casa kkkkkkk


Pretendo trazer mais especiais como este? Sim, tenho dois em mente. Um deles quem é da época da Hoenn antiga já viu por aqui, mas ele será reformulado pra se adaptar à timeline atual da Aliança, já que Hoenn meio que mudou de lugar com essa mudança que fez a história se basear mais em ORAS do que RSE. Não sei se realmente vai dar pra fazer, tudo depende de como estiver a vida até lá, porque onde resolvi encaixar os dois especiais meio que vai demorar um pouco até chegar. Mas que eles estão dentro dos planos, isso eles estão sim!


ShadZ, cadê a Alpha Saga?


Muito bem, vamos falar de segunda temporada de AEH agora? Vamos sim. Estou com alguns capítulos adiantados. Tenho 6 capítulos prontos da segunda temporada e o sétimo já em produção. Isso porque consegui escrevê-los durante o processo de produção de Wings of Eternity. Eu queria postar o especial completo antes de começar a temporada, e como ele me causou alguns bloqueios criativos ao longo do caminho (haja vista todo o tempo que o blog ficou parado após o fim da Omega Saga), então tive tempo de sobra pra realocar a inspiração pros capítulos do plot principal quando ela reaparecia.


Meu planejamento a princípio seria terminar Wings of Eternity, dar uma pausa de 2 semanas e já iniciar a Alpha Saga com tudo!


Seria?


Então, eu estou na correria aqui desde o início do mês com alguns compromissos que estão tomando todo o meu tempo. Uma loucura! Tanto que eu quase me esqueci de fazer a postagem do capítulo de hoje e dessas notas — e inclusive estou até sentindo um pouco de culpa por estar aqui ao invés de estar lá resolvendo as coisas.



Mas não precisam se preocupar. Tudo o que vou pedir é mais uma semaninha para que eu possa me organizar de novo depois que isso tudo passar. Esse fim de semana já resolvo o que tenho que resolver de uma vez, e aí é caminho livre pra arrumar a bagunça desse furacão e seguir firme e forte com a jornada de Sapphire e Ruby! Antes eram 2 semanas de espera, agora são 3. E nada mais que isso!



Sendo assim, dia 12 de Maio a Alpha Saga estará estreando por aqui! Tenho muita coisa interessante pensada pra ela, eu acho que vocês vão gostar (ou querer me matar, mais provavelmente) de algumas reviravoltas que estão vindo aí kkkkkkkkk



Meu mais sincero agradecimento a todos que acompanharam o especial nessas 7 semanas, mais ainda pelo apoio e pela confiança que tiveram de que o blog não estava jogado porque desisti ou coisa parecida. Eu disse lá em 2016 quando recomecei, e disse de novo em 2020 quando fiz 10 anos como escritor de fanfics: vou terminar essa história na marra se for necessário!


Descansem bem nessas 3 semanas, porque a Alpha Saga vai trazer algumas tretas pra deixar vocês sem conseguir respirar. ( ͡° ͜ʖ ͡°)


Até! õ/

Wings of Eternity - Capítulo 7

 Pacto para a Eternidade



Paz. Esse era o sentimento que preenchia o grupo naquela manhã em Alto Mare, com os primeiros raios de sol aparecendo no horizonte. A calmaria na cidade litorânea fazia parecer que tudo esteve tranquilo todo o tempo. Afinal, ninguém além de poucas testemunhas saberia do ocorrido na noite anterior quando um grupo de criminosos tentou sequestrar os dragões guardiões da cidade, que muitos sequer acreditam existirem.


Ruby levantou da cama na ponta dos pés e caminhou com cuidado até a janela do quarto. Tudo com a intenção de não acordar Sapphire, que estava com a cara enfiada no travesseiro de modo tão desleixado que quase fazia o garoto rir.


“Como ela consegue respirar assim?” O coordenador pensou enquanto parava para analisar com mais calma a posição estranha na qual a sua amiga havia ficado ao dormir.


Mas resolveu prosseguir com o que ia fazer. Ele já estava na iminência de pôr a mão na cortina quando se assustou ao ouvir a garota soltar um resmungo abafado pelo travesseiro.


— Se abrir essa porcaria você apanha... — a voz sonolenta da menina não permitia que a ameaça fosse levada a sério.


— Ok, ok — Ruby desistiu da ideia depois de revirar os olhos.


Após ter ganho tempo suficiente para levantar de forma tranquila, sem ser agredida por uma luz ofuscante entrando pela varanda, Sapphire se arrumou e desceu junto de Ruby para o saguão do hotel. Ao que parecia, havia ainda mais alguma coisa a ser feita junto dos guardiões antes que todos pudessem retornar para suas vidas normais.


Na entrada o casal Ferysen os aguardava, tal como Ethan e Amy. A Campeã fez um aceno para os dois para que logo identificasse onde estavam.


— A última noite cansou vocês a ponto de dormirem tanto assim?


— Sim — Sapphire não tinha forças nem mesmo para responder as provocações, o que surpreendeu Ruby que já esperava que a menina fosse gritar e atrair olhares de reprovação dos outros hóspedes e visitantes.


— Não se preocupem, vocês já vão poder voltar pra Hoenn — Amy continuou. — Só precisamos voltar aos Jardins Centrais para que Richard e Ellie vejam alguma coisa e de lá vamos direto para o aeroporto.


A caminhada não durou muito. Pela primeira vez desde que haviam chegado a Alto Mare, o grupo podia apreciar a beleza da cidade com mais calma, sem se preocupar com a possibilidade de um ataque de alguma organização criminosa.


Ruby admirava a beleza das construções enquanto Sapphire procurava algum lugar onde pudesse comprar algo para comer. Amy conversava com Ethan sobre como estavam as coisas em Johto, e o rapaz fez uma expressão de medo quando a namorada disse que tinha estado em New Bark com sua mãe, Marieta, que estava furiosa por não receber contato do filho há meses. Richard e Ellie eram os únicos ali que procuravam apreciar aquele momento mais calmo, apenas caminhando na frente. Era como se compartilhassem a paz interior entre eles e os dragões protetores.


Foi a primeira vez que repararam também o quanto os Jardins Centrais eram belos. Com a calmaria e a luz do dia era possível notar os caminhos ladrilhados margeados pelos canteiros protegidos por pequenas cercas de ferro que chegavam no máximo na altura dos joelhos. Pequenas pontes formadas por pedras compactadas, muito comuns em construções e vias em regiões de Paldea, ligavam uma margem à outra dos caminhos de água que cortavam o jardim em várias seções.


Na área central, um espelho d’água abrigava uma pequena escultura ao centro que prendia consigo um objeto esférico quase transparente que gerava uma fraca luz em seu interior. Uma aura etérea emanava daquele artefato, trazendo consigo uma sensação sublime de paz e pureza que já era conhecida pelos Ferysen, mas capaz de deixar os demais à beira de uma epifania.


Ellie foi quem se aproximou do objeto, ignorando toda a água ao redor. Quando o tocou, todos perceberam que a luz emitida pela esfera tinha ficado mais forte. Ela então pegou a esfera, no mesmo momento em que Latias e Latios apareceram no local. A esfera flutuava vagamente sobre a mão da guardiã, mas parecia que ia cair assim que a mesma se afastasse. A mulher sorriu para o grupo, que ainda se perguntava o que ela faria com aquilo.


— Este é o Orvalho da Alma, uma jóia antiga criada pelo poder do Duo da Eternidade. Ela contém parte da energia vital de Latios e Latias.


Todos ficaram intrigados com as palavras de Ellie. Até mesmo Ethan, que não tinha o feitio de prestar atenção nas coisas, parou para escutar melhor o que ela estava dizendo.


— Latias e Latios são criaturas longevas, perenes. Eles não envelhecem, e por isso não morrem com o tempo. Eles só podem ter suas vidas tiradas por doenças ou ferimentos, mas justamente por depositarem suas forças vitais nessa jóia é que um novo dragão guardião pode nascer para tomar seu lugar e manter vivo o legado deles. Muitos no passado tentaram se apossar do Orvalho da Alma para obter juventude eterna utilizando esse poder, mas alguém que não conhece a finitude da vida não é capaz de valorizá-la.


— Este era o objetivo da Societea... — Amy comentou.


— Exato, e mais uma vez conseguimos impedir este poder de cair em mãos erradas. A razão pela qual trouxe essa jóia até vocês é para passar um pouco do poder dela para vocês. Não o poder de uma vida eterna, obviamente, mas algo que com certeza vocês levarão pra vida toda.


O grupo permanecia atento. Sapphire e Ruby mal piscavam os olhos, a ansiedade tomava conta dos mais novos como se fossem crianças esperando que os pais contassem qual seria o presente de Natal de cada um.


— Temos pessoas aqui de Oblivia, Johto e Hoenn. As três regiões onde Latias e Latios se abrigam de tempos em tempos. Vocês os salvaram e por isso conquistaram a confiança de ambos. E os guardiões estão dispostos a retribuir o que vocês fizeram. Ao tocarem nessa esfera, vocês estarão firmando um contrato de confiança com Latios e Latias. Serão protetores deles nos locais onde estiverem, assim como eles vão ao auxílio de cada um de vocês quando estiverem em necessidade. Vocês estarão selando um pacto com eles. Um pacto para toda a eternidade.


A primeira reação do quarteto foi olhar para trás de Ellie, mas se tranquilizaram ao ver as expressões serenas dos dragões, indicando que eles estavam de acordo com as palavras da protetora. Amy foi a primeira a vencer suas dúvidas, dando um passo a frente do grupo e colocando a mão direita sobre a esfera.


— Será uma honra ser a protetora deles aqui em Johto.


Ethan foi logo em seguida, se sentindo mais à vontade após a iniciativa de Amy.


— Posso estar sempre viajando pra tudo quanto é lugar, mas é só eles me chamarem que eu venho correndo! Ou voando...


Todos olharam para Sapphire e Ruby. Os mais novos acabaram por se sentir acuados.


— Eles também confiam em nós? — Ruby questionou.


— Nós não fizemos muito por eles — disse Sapphire. — Não estamos nem perto do nível de vocês como treinadores, só ajudamos com pequenas tarefas.


— Pequenas ações muitas vezes movem grandes feitos — Richard respondeu. — Os guardiões reconheceram os esforços de vocês dois, ambos conhecem a índole de vocês.


Ainda um pouco acuados, a dupla mais jovem se aproximou devagar da orbe que Ellie segurava. Latias e Latios observavam com tranquilidade a cena, como se estivessem confiantes de que, apesar da relutância, Sapphire e Ruby iriam selar o pacto também.


E foi o que aconteceu. Os dois tocaram o Orvalho da Alma, consolidando o acordo. Tanto Ruby quanto Sapphire, ao tocar o objeto, sentiram todo o peso de seus próprios corpos sumir por um rápido instante. Era como se um fluxo de energia passou por eles dois, atravessando-os, dando-lhes a sensação de que foram purificados ou algo do tipo.


Ellie depositou o artefato de volta na escultura onde se encontrava antes. A guardiã sorria, sabendo que conquistara bons aliados no seu dever de protetora, ainda que não fossem portadores dos poderes dela a mulher sabia que eram treinadores competentes para defender os guardiões caso fosse necessário.


— Amy, Ethan, Sapphire, Ruby — a obliviana chamou a atenção do grupo. — Bem vindos à família. Como presente de boas-vindas, vou mostrar algo a vocês. Um pequeno segredo que guardamos apenas entre nós, então peço que mantenham assim também.


Ellie retirou do bolso quatro colares, todos contendo pequenas pedras como pingentes. Dois deles eram iguais, sustentando uma pequena pedra cinzenta com uma gravura em baixo relevo ao centro que se assemelhava a uma fita de DNA. As pedras dos outros dois colares eram perfeitamente redondas e polidas. Elas eram transparentes como vidro, mas ao centro havia uma seção ondulada de duas cores. Nas duas pedras era possível ver que uma das cores era um fraco tom de lilás, mas a segunda cor diferia entre as duas. Uma era azul, a outra vermelha. Assim como Latios e Latias.


Ellie com cuidado colocou dois colares em Latias e dois em Latios. Cada um com um colar com a pedra cinza e outro com a pedra polida de sua cor.


— Vamos mostrar a eles até onde vai o poder de vocês? — a protetora sorriu para os dragões, que assentiram positivamente.


A mulher tirou de um dos bolsos uma flauta estranha, de aspecto arcaico, que chamava a atenção pelos “chifres” que possuía em cada lado, próximo ao local onde ela deveria ser tocada.


— A Flauta da Eternidade — observou Richard. — Um artefato que é usado para invocar Latias e Latios.


— E também para isto — disse Ellie, levando o instrumento até seus lábios.


Uma melodia breve, mas cativante, foi ouvida ecoando pelos jardins. Como se fosse um cântico ancestral que despertou nos dragões um poder até então desconhecido pelos ali presentes. Ambas criaturas foram envoltas por uma luz ofuscante, pareciam estar evoluindo.


Quando o processo se encerrou, o duo estava com suas características mantidas em essência, mas algumas diferenças podiam ser notadas. Seus corpos agora pareciam projetados para voar em maior velocidade, além do fato de que o azul de Latios e o vermelho de Latias haviam sido repostos pelo tom lilás contido no interior das duas pedras transparentes que Ellie havia dado a eles.


Art by: Macuarrorro

— Pokémons lendários podem evoluir? — indagou Ethan, sem acreditar no que tinha visto.


— Não foi bem uma evolução — disse Richard. — Ainda são Latias e Latios. E bem, existem Pokémons que são lendas, e nas lendas eles evoluem. Mas eu nunca os vi pra poder te confirmar isso.


— Esse tipo de transformação parece familiar — Amy observava com atenção as criaturas transformadas. — Por acaso é aquele tipo de evolução que está sendo estudado em Kalos?


— Tentamos contactar o Professor Sycamore pra nos confirmar, mas ele tem andado muito ocupado e não conseguimos marcar um dia pra que ele possa analisar se há alguma relação — Ellie explicou, um pouco sem graça. — Mas suspeitamos que seja. Acho que chamam de Mega Evolução.


— Entendo — a Campeã então virou sua atenção para Sapphire e Ruby. — Se eu não me engano Steven Stone, o novo Campeão de Hoenn, também andou pesquisando sobre isso. Se vocês ficarem sabendo de alguma novidade que sair por lá eu agradeceria se me avisassem. Eu tenho interesse no assunto.


— Deixa com a gente, fazemos o Ethan mandar recado — concordou Sapphire.


— Virei Pidgey-correio agora? — o rapaz torceu o nariz.


— Fique feliz, se você virou um Pidgey então seu cérebro aumentou de tamanho — a mais nova tinha um tom debochado.


— Ainda que fosse pequeno ele seria maior que você, anã de jardim.


Sapphire ameaçou rebater com um comentário, mas percebeu que não tinha o que dizer. A menina se calou, emburrada, enquanto Ruby atrás dela se segurava pra não deixar escapar uma risada e correr o risco de apanhar por causa disso.


Amy foi quem tomou a palavra logo em seguida:


— Que bom que conseguimos resolver essa situação e manter os guardiões seguros — disse a Campeã. — Foi um ótimo trabalho em equipe.


— Somos muito gratos pela ajuda de vocês — disse Ellie em resposta. — Não acho que eu e o Richard teríamos conseguido sozinhos contra tantos inimigos. Cada um de vocês foi fundamental para que pudéssemos alcançar o nosso objetivo. É muito bom saber que temos aliados confiáveis agora.


— Bom, acho que já é hora de voltarmos para Oblivia — disse Richard, colocando a mão no ombro de sua esposa e voltando sua fala para o grupo em seguida. — Deixamos nossos filhos com um primo meu, não queremos ocupar mais tempo dele com responsabilidades que são nossas.


— Posso disponibilizar um avião para levar vocês de volta — Amy comentou.


— Não precisa. O Dragonite vai nos levar mais rápido — disse Ellie. — Mas obrigada assim mesmo.


— Eu vou ficar um pouco por aqui — disse Ethan. — Não vejo a Amy faz um tempo, e minha mãe então nem se fala. Vou colocar alguns assuntos em dia, e depois volto pra Hoenn. Mas vocês... — o rapaz voltou a atenção para Sapphire e Ruby. — Vocês podem ir na frente. Devem estar doidos pra voltar pra jornada de vocês, não é mesmo?


— Talvez eu até peça alguns dias a mais de descanso — disse Sapphire rindo.


— Até parece, seria bom demais pra ser verdade — Ruby retrucou.


— Nesse caso, por que vocês não deixam que Latias e Latios levem vocês até lá? — Ellie sugeriu.


— Você está dizendo pra gente montar neles e voar sem nenhum aparato de segurança daqui até Hoenn? — Ruby indagou, já entrando em pânico, quando viu que Sapphire já caminhava eufórica na direção de Latias. — Você está de brincadeira, né?


A garota já estava pronta para partir, enquanto Ruby permaneceu desconfiado. Latios se aproximou do garoto e ficou a encará-lo aguardando a resposta final. O menino ainda sentia medo, mas não conseguia deixar de pensar em como o olhar daquele dragão lhe transmitia uma serenidade, como se o mesmo lhe dissesse que podia confiar nele.


— Não é muito elegante ficar com medo dele logo depois que vocês selaram um acordo de confiança — comentou Amy, que parecia se divertir com a cena. — Vai logo, você vai é perder uma experiência única na sua vida.


Ruby deu um grande suspiro, tomando coragem para subir nas costas do guardião. Mas não demorou tanto para que ele se colocasse numa posição confortável, ainda que tivesse se agarrado ao pescoço de Latios com tal força que poderia ter esganado a criatura se ela não fosse tão resistente.


— Muito bem — disse Ellie. — Podem ficar tranquilos que Latias e Latios não vão deixar que nada de ruim aconteça com vocês. Sapphire, se segure com mais firmeza. Latias vai conseguir te pegar se você acabar caindo, mas não é bom ficar levando esses sustos o tempo todo.


— Ok, pode deixar — a menina então abraçou o pescoço de Latias da mesma forma que seu amigo fizera com o outro dragão, claro que imprimindo muito menos força.


— E Ruby — a mulher chamou a atenção. — Se eu fosse você guardava essa touca dentro da bolsa. Pra você não precisar comprar outra.


A dupla mais jovem foi a primeira a partir de Alto Mare para voltar às suas vidas normais. Richard e Ellie logo em seguida se despediram de Ethan e Amy e partiram com Dragonite de volta para Oblivia, onde seus filhos estavam à sua espera. O casal de Johto observou as partidas daqueles aliados que fizeram para aquele breve momento em que estiveram juntos, mas dos quais se lembrariam pra vida toda.


— É engraçado pensar que o mundo é tão pequeno, e ainda assim cabe tanta gente incrível nele, não é mesmo? — o rapaz refletia com um sorriso no rosto.


— Ethan — Amy o interrompeu de suas divagações. — Você sabe que sua mãe vai te matar por não falar com ela há meses, não é?


— Sim, eu sei — o rapaz agora estava abatido. — Mas você não precisava cortar o meu clima desse jeito...

FIM

 

Notas do Autor - Wings of Eternity 6

 


Finalizamos aqui a pancadaria em Alto Mare! Temos a trama praticamente concluída, faltando apenas o próximo capítulo que é um encerramento bem tranquilinho nos moldes do capítulo 28 da Omega Saga. Meus amigos, eu nem acredito que estamos finalmente chegando ao fim desse especial. Muita história envolvida kkkkkkkkkk Mas é mais uma etapa concluída aqui em Aventuras em Hoenn. Semana que vem encerramos de vez esse trabalho em conjunto com o Dento e a Zyky, e aí é caminho livre para a Alpha Saga, que já tem uns capítulos prontos, mas que eu não queria iniciar antes de Wings of Eternity.

Sobre a batalha, não tem muito o que dizer. Nem eu esperava que seria tão fácil, mas é que Ethan e Amy além de serem treinadores experientes e poderosos, afinal, estamos falando de uma Campeã regional e de um desafiante da Batalha da Fronteira, como se não bastasse eles ainda possuem uma química surreal. Então isso acabou deixando os dois muito quebrados trabalhando juntos, a sinergia deles em batalhas é monstruosa!

Ruby e Sapphire também tiveram suas participações merecidas. Infelizmente eles ficaram um pouco para trás, porque trazendo a escala de forças pra uma pegada mais realista, fica muito evidente que eles ainda não têm força pra bater de frente com os vilões ou sequer acompanhar as duplas de Johto e Oblivia. Então eu mesmo encaro esse especial como um aprendizado extra pros dois, respeitando a linha do tempo em que ele se insere. Mas podem ter certeza que eles vão mudar bastante daqui em diante. A Alpha Saga vem pra fazer essa curva de evolução deles subir de vez. Talvez não ainda aquela subida vertiginosa que a gente espera, mas fato é que a segunda temporada vai trazer alguns gatilhos que vão alçar a evolução de ambos e iniciar o processo que vai deixá-los bem fortes.

Mas por que raios eu estou falando sobre a Alpha Saga agora? Desculpa, pessoal. É a ansiedade falando mais alto kkkkkkkkkk

Valeu por estarem aqui mais uma semana.

Até a próxima! õ/

Wings of Eternity - Capítulo 6

Problema em dobro, soluções em duplas

Art by: BanhBat

O trio estava atrás de um container nas docas do porto, observando de uma distância segura o que poderia se suceder entre Amy e os Rockets. A Campeã estava sendo feita de refém após ser capturada por Silver, que com ajuda de Lyra a levou até aquela área para separar a irmã do grupo que tentava defender os Pokémons guardiões.


Ethan espreitava ao longe, tentando se manter em uma posição na qual não seria visto, mas que ao mesmo tempo pudesse lhe dar uma boa visibilidade do que estava acontecendo. Ruby e Sapphire estavam junto do rapaz, aguardando instruções de como agir no resgate.


Sem saber que estavam sendo observados, os Rockets colocaram Amy sentada no chão, encostada em um dos vários containers que se empilhavam aos montes ali no local. Após retirar o esparadrapo que a amordaçava, o ruivo não tardou a provocá-la de novo.


— Confortável? — o rapaz sorria de forma cínica. — Tudo para garantir o maior conforto para a nossa Campeã.


— Continua rindo mesmo — Amy rebateu. — Você não tem a menor ideia do que eu vou fazer com vocês dois a hora que eu me soltar daqui.


Os encarregados do resgate da Campeã observavam com atenção a qualquer movimento mais ameaçador. Ethan explicava rápido o que precisava ser feito, pois sabia que não podiam perder tempo.


— Aqueles dois são fortes. Eu não tenho como enfrentar ambos sozinho, mas consigo segurar a batalha por um tempo. O que vamos fazer é o seguinte: eu vou atrair a atenção deles desafiando os dois ao mesmo tempo, enquanto vocês vão espreitar pelos containers para libertar a Amy. Ela estando livre, nós dois conseguimos dar um jeito no Silver e na Lyra.


— E como você vai atrair os dois? Por acaso não vai chegar gritando e dando uma de herói, né? — Ruby questionou.


— Sete anos atrás talvez eu fizesse exatamente isso — disse o rapaz, dando um leve riso. — Mas agora eu tenho uma maneira melhor.


O mais velho liberou de suas Pokéballs duas criaturas de menor porte. Um Sandslash e um Sableye tomaram forma ao lado deles já preparados para ouvir as instruções de seu treinador.


— Vocês vão tirar a visão deles para criar uma distração. Sand, eu preciso que você use o Sandstorm para tapar o campo de visão deles. Se conseguir pode mover mais areia pela frente da Amy. A ideia é fazer com que eles percam visão dela. Enquanto isso Blai vai atrapalhar a vista dos dois com Dazzling Gleam. Se posicionem e aguardem o meu sinal.


Enquanto os Pokémons de Ethan caminhavam para seus lugares, o treinador se virou para Ruby e Sapphire.


— Vocês vão pelo lado esquerdo. Eu vou aparecer do lado direito para tentar afastá-los da Amy indo pra minha direção. Isso deve abrir caminho pra vocês. Podem ficar tranquilos que o Sand é muito bem treinado. A areia dele não vai atingir vocês. Mantenham um de seus parceiros fora da Pokéball caso precisem se defender.


Ruby e Sapphire escolheram Treecko e Combusken para acompanhá-los. Tão logo os novatos contornaram a área como pedido, Ethan se deslocou para o lado oposto. Sand e Blai já estavam a postos para iniciar a tática de distração. Já com Tai, o Typhlosion, ao seu lado, o rapaz pegou de seu bolso uma bombinha e um isqueiro.


— Tai, hora do show.


Silver e Lyra estavam focados totalmente em Amy, que ainda estava amarrada. Os dois, certos de que estavam a sós com a Campeã, foram surpreendidos com os estalos da bombinha estourando atrás deles.


Quando se viraram para ver o que aconteceu, uma cortina de areia envolveu os dois. O Sableye apareceu de uma sombra no chão, e com um sorriso travesso usou as pedras em seu corpo para emitir um brilho ofuscante que deixou os Rockets desnorteados.


Amy não entendia o que estava acontecendo até Ruby e Sapphire chegarem até ela para começar a desfazer o nó que amarrava suas mãos.


— Parece que eu estava errada — admitiu a mais velha. — Vocês dão conta do recado mesmo.


— A gente faz o que pode — disse Ruby, tentando desfazer o nó.


— Rápido, Ruby! — Sapphire falava inquieta. — A distração do Ethan não vai durar muito.


— Eu sei. Só mais um pouco... — o garoto então conseguiu puxar a última corda. — Feito!


Amy se soltou da corda já sacando uma Pokéball para entrar na batalha.


— Valeu pela ajuda, vocês dois! Deixa que daqui em diante é comigo. Blue, é com você!


A Pokéball de Amy foi arremessada no exato momento em que a tempestade de areia cessou. Quando Silver e Lyra se deram conta já estavam cercados pelo Typhlosion de Ethan e pelo Gengar de Amy.


— Podem avisar pra Ellie que recuperamos a Amy — disse Ethan aos mais novos. — Digam que já estamos voltando para os Jardins Centrais, só precisamos resolver uma coisa rápida aqui.


— Você está confiante demais — Silver falou olhando fixo nos olhos do rapaz. — Eu vou fazer você queimar a língua.


— Por que não tenta? — rebateu Amy. — Conseguiram me pegar desprevenida, mas foi pela última vez. Quero ver se vocês vão continuar tentando me intimidar agora que tenho força pra fazer oposição a vocês.


Sentindo que conseguiu provocar Silver e Lyra, Amy esboçou um sorriso travesso. Ruby e Sapphire não conseguiam deixar de se impressionar com a forma como aqueles dois lidavam com os Rockets de alto escalão com tamanha naturalidade. Tanto Ethan quanto Amy estavam bem tranquilos. Ainda alertas, mas confiantes de que suas habilidades eram suficientes para impedi-los.


— Ethan, eu vou te pedir um favor — Amy sussurrou. — Cuida da Lyra e deixa o Silver comigo. Ele é minha responsabilidade.


O rapaz olhou para sua companheira por alguns segundos. Por mais que ele quisesse esmagar o líder Rocket em uma batalha por ter colocado sua namorada em perigo, ele sabia que era mais importante para a Amy cuidar dele. Estava contrariado, mas decidiu engolir seu orgulho e atender o pedido da Campeã. Logo, seu foco agora estava na amiga de infância.


— Eu ainda não consigo entender o que fez você se juntar a eles. A gente nunca se deu bem, mas você não era esse tipo de pessoa, Lyra — disse Ethan com uma voz pesarosa.


— Já discutimos isso antes — respondeu a mulher. — Não venha com essa conversa de me resgatar, eu sei muito bem onde estou e o que estou fazendo. Você só quer confortar o seu ego trazendo de volta as memórias de infância que tínhamos em New Bark. Se você não entrar na batalha logo, eu terei o prazer de tirar você do caminho de um jeito muito fácil.


Se aproveitando da distração de Ethan, Lyra rapidamente sacou sua Pokéball e liberou seu Azumarill para a batalha. Cada um com seu primeiro companheiro tentaria decidir aquela batalha de uma vez para seguir com seu objetivo.


Enquanto isso, Silver também já tinha liberado seu Feraligatr para fazer frente ao Gengar da Campeã. Com os quatro Pokémons postos para o confronto, era só uma questão de tempo até que começassem a tentar matar uns aos outros. Sabendo disso, Sapphire e Ruby se afastaram para uma distância mais segura, mantendo suas posições para dar suporte apenas se necessário.


— Ethan, vamos dar cobertura um pro outro. Eles são traiçoeiros.


— Concordo — respondeu o rapaz. — Podemos combinar os ataques também, mas você vai ter que lidar com o Silver. Se o Tai for no um contra um contra o Feraligatr dele nós estaremos em desvantagem.


— Eles também estão com Azumarill, então são dois Pokémons aquáticos pra te perturbar — notou a Campeã. — Mas não vai ter como você retornar o Tai agora, eles não vão nos dar espaço pra fazer substituições. Você vai ter que tomar cuidado redobrado. Eu vou fazer com que Blue tente abrir caminho pra você poder finalizá-los com aquilo.


— Eu ia sugerir a mesma coisa.


— Já estão prontos, ou vão ficar resmungando estratégias até quando? — Silver provocou. — Não adianta tentarem se organizar previamente, nós sabemos bem como vocês batalham.


A dupla manteve a calma. Conheciam os Rockets de longa data, não seria depois de tantos anos que voltariam a cometer o erro de cair naquelas provocações, por mais que tanto Ethan quanto Amy se sentissem irritados apenas de ouvir a voz de Silver. O ruivo sorriu, parecendo se divertir com a cautela extra que seus inimigos de longa data estavam tomando.


— Lyra, vamos começar — sussurrou para sua companheira, antes de aumentar o tom de voz para anunciar seu ataque. — Feraligatr, Hydro Pump na direção dos dois!


Uma rajada de água de alta pressão foi disparada para cima de Blue e Tai. Era um ataque difícil de se esquivar devido ao largo diâmetro do pilar de água e a velocidade com a qual ele percorria sua trajetória.


Tanto Ethan quanto Amy ordenaram que seus parceiros se desviassem. Mas o que eles não estavam esperando era Azumarill aparecer na frente deles com sua cauda emanando uma aura de energia azulada e produzindo uma película de água em torno de si. O Pokémon de Lyra estava pronto para desferir um Aqua Tail em Tai, e nenhum dos dois havia ouvido a Rocket dar o comando para seu Pokémon devido à barulheira causada pelo golpe do Feraligatr.


O Typhlosion foi acertado com força no peito, sem tempo para armar uma defesa, e foi arremessado alguns metros para trás. Enquanto o Pokémon de Ethan tentava recompor as forças para se levantar, Blue agora estava por um breve momento sozinho contra dois adversários. Amy precisava pensar rápido, ou nem mesmo suas habilidades que a levaram ao posto de Campeã poderiam fazê-la sair ilesa daquela desvantagem numérica.


— Feraligatr, use o Crunch nele! — a ordem de Silver foi dada, fazendo com que o enorme crocodilo se lançasse na direção do Gengar armando suas presas.


Amy não se desesperou. Apenas aguardou o Feraligatr chegar mais próximo de Blue para que pudesse colocar em prática uma de suas estratégias em um momento que fosse de difícil reação para os oponentes.


— Evasiva! — a Campeã ordenou e o fantasma se esquivou do Pokémon de Silver. — Hypnosis no Azumarill!


Lyra foi surpreendida. Justo por ter mandado seu Azumarill se lançar na direção de Gengar com outro Aqua Tail é que deu ao Gengar a distância perfeita para acertar suas ondas hipnóticas com alta precisão e uma proximidade que tornava muito difícil a defesa. Azumarill caiu adormecido.


— ETHAN, É AGORA! — gritou a treinadora.


— Tai! — Ethan chamou por seu parceiro, já recuperado do golpe anterior. — Thunderpunch no Azumarill!


Com seu punho gerando eletricidade, Typhlosion desferiu um soco que disparou uma forte descarga elétrica no Azumarill indefeso. Feraligatr havia se afastado muito de seu parceiro, e por isso não pôde tentar recompor sua posição para dar cobertura. Agora eram dois contra um.


— Que merda, Silver! Era pra ficarmos próximos! Você fez o Feraligatr se afastar demais e o Azumarill virou alvo fácil! — Lyra esbravejava.


— Ele virou alvo fácil porque não foi capaz de se defender — disse o ruivo com tom de desprezo, enquanto batia nas coxas como se estivesse tirando poeira da calça.


Enquanto isso, Sapphire e Ruby estavam em cima de uma passarela, escondidos atrás das chapas de aço dos corrimões, assistindo a batalha de uma distância segura e onde não fossem notados.


— Eles são incríveis — a menina sussurrou. — Eu queria poder batalhar em dupla assim.


— Mesmo que você pudesse batalhar em dupla com alguém agora, ainda faltaria muito pra chegar na experiência daqueles dois — Ruby comentou, sendo o estraga-prazeres de sempre.


O garoto observava o campo de batalha. Ele já conseguia se sentir seguro ao ver Ethan e Amy triunfando, aquilo era um bom sinal. Mas um barulho vindo de baixo chamou sua atenção. Quando ele se virou para a parte de trás da passarela e olhou para baixo o garoto logo entrou em alerta.


— Sapphire, olha ali! — sussurrou após o susto.


Quando a garota se virou, ela percebeu junto com seu parceiro que dois capangas da Team Rocket estavam à espreita já começando a se aproximar do local da batalha para tentar pegar Ethan e Amy de costas. Estavam respondendo ao gesto de Silver de bater na calça, que na verdade era um sinal para que intervissem caso a situação ficasse difícil para eles.


— Ah, mas não mesmo! — Sapphire resmungou.


— Vamos tentar pará-los? — indagou Ruby, já ficando nervoso.


— Se eles atacarem os dois por trás é fim da linha — explicou a garota. — Se chamarmos a atenção do Ethan, eles não vão ter como deixar o tal do Silver pra lá, e os capangas vão vir atrás da gente. Vamos ter que arriscar um ataque surpresa neles.


— Eles não parecem ter colocado os Pokémons deles em batalha ainda. Será que vão atacar os dois diretamente?


— Vamos nocautear os dois antes disso — Sapphire parecia convicta de como agir.


— Atacar pessoas usando nossos Pokémons? — Ruby agora começava a deixar claro seu nervosismo. — Isso não me parece certo.


— E não me parece certo ficar aqui esperando pra ver o que eles vão fazer antes de decidir como contra-atacar. Eu prefiro usar um método preventivo. Posicione o Treecko para atacar o cara da esquerda, eu vou mandar o Dante atacar o da direita.


Amy e Ethan estavam tão focados em acabar com Silver que sequer perceberam a aproximação dos capangas por trás deles. Silver já sorria triunfante, mas a dupla pensava que era apenas o excesso de confiança típico do Rocket. Foi no momento que antecedeu o ataque furtivo que os dois se viraram para os agressores sem ter como evitar o ataque. Cada um com uma barra de ferro já armada para acertá-los na cabeça.


— Treecko, Quick Attack!


— Dante, Double Kick!


Surpreendendo a todos ali no local, os parceiros de Ruby e Sapphire derrubaram os capangas. Treecko acertou um forte ataque nas costelas de um dos Rockets, causando uma fratura que o derrubou com fortes dores no local, impossibilitando-o de se levantar. O Combusken, por sua vez, deu dois chutes potentes no outro criminoso. Um no peito, para afastá-lo de Ethan, e o outro acertando-o no maxilar, levando o homem a nocaute instantâneo.


Sapphire e Ruby pularam da passarela para se juntar à dupla. Silver se preparava para usar aquela janela de tempo em que os seus adversários estavam distraídos para mandar Feraligatr finalizar Gengar e Typhlosion, mas a presença repentina dos mais novos também o pegou de surpresa.


— O que você dizia mesmo sobre eu trazer “crianças” pra cá, meu amor? — Ethan provocou Amy. — Eu disse pra confiar em mim.


— Meu Arceus, eu não acredito que deu certo — disse a Campeã, esfregando a ponte do nariz com os olhos fechados. — Ok, eu admito. Eles são bons mesmo.


— Eles lembram a gente quando era mais novo, não é?


— Lembram sim — Amy então deu um sorrisinho malicioso. — Será que rola alguma coisa entre eles também?


Ruby ficou vermelho como uma tamato berry. Quando pôs o dedo em riste para rebater Amy, Sapphire já estava berrando descontrolada.


— NEM FERRANDO! ZERO CHANCE! NUNCA!


O garoto então desfez o gesto, claramente sem graça.


— Você falando assim parece até que eu sou algum tipo de cara nojento...


Amy e Ethan então se viraram para a direção de Silver. Os dois já com um sorriso triunfante, quase o mesmo que o ruivo tinha momentos antes de seu ataque surpresa ser frustrado por Sapphire e Ruby.


— Vocês dois gostariam de ajudar a gente a dar cabo desse aí? — disse Amy, com um tom que parecia debochar de Silver. — Ele é meu irmãozinho, mas eu divido ele com vocês. Só hoje.


— Vai ser um prazer, senhorita — disse Ruby, fazendo uma pequena reverência em tom de ironia.


— O Dante não conseguiu esticar as pernas o suficiente com aquele ali de trás — Sapphire já estalava os dedos. — Se ele não brigar um pouco ele fica inquieto...


• • •

Já com a polícia no local, Silver, Lyra e os capangas que os acompanhavam eram levados presos. A exceção era o capanga cujas costelas o Treecko de Ruby havia quebrado, este iria para um hospital tratar os ferimentos antes de ser levado para a cadeia.


Ethan terminava de dar as informações aos policiais no local, enquanto Amy respondia uma ligação pelo PokéGear.


— Encerramos aqui. Ethan e as crianças conseguiram me soltar e demos conta deles. Certo, estamos a caminho — Amy então desligou o aparelho e voltou a atenção para o seu grupo. — A Ellie disse que eles terminaram lá também. Vencemos!


Ethan e Sapphire comemoraram a missão bem sucedida. Até mesmo Ruby vibrou, discreto à sua maneira. Amy respirou fundo e pela primeira vez naquela noite permitiu que seu corpo relaxasse. Assim que sentiu a tensão ir embora dos ombros a Campeã até mesmo sentiu um pouco de sono.


— Eu só quero voltar pro hotel e tomar um banho... — sussurrou enquanto mexia os cabelos por trás da nuca.


— Vamos lá encontrar com o Richard e a Ellie — disse Ethan, a envolvendo em um abraço. — O dia hoje foi intenso, está na hora de descansarmos. Você como Campeã não consegue pra gente uma mordomia no restaurante do hotel?


— Vou ver o que dá pra fazer — disse a mulher, já com um sorriso de canto. — Mas se não der pra fazer um banquete pelo menos um vinhozinho eu garanto — e piscou pro namorado.


E assim os quatro foram encontrar os guardiões nos Jardins Centrais, onde outra equipe da polícia já estava realizando as prisões dos membros da Societea. Os capangas restantes dos Rockets fugiram, mas a localização da maior parte deles seria descoberta em pouco tempo.


Assim, a cidade turística de Alto Mare poderia voltar à sua normalidade, mesmo que a sua população e os turistas que lá estavam nunca fossem saber dos ocorridos naquela noite quente. E talvez fosse melhor assim.


FIM DO CAPÍTULO


  

Notas do Autor - Wings of Eternity 5

 


Primeiramente, feliz Páscoa a todos!

Chegou a hora do quebra-pau! A hora que o filho chora e a mãe não vê, a hora do tudo ou nada! As forças vilãs e de defesa colidiram no capítulo anterior, e agora deixam o campo das tensões para ir às vias de fato!

Uma primeira batalha bem apertada para os mocinhos. Apesar de todo o esforço, Richard e Ellie não conseguiram segurar o Garchomp de Purple Eyes, e isso porque eles tinham uma sincronia absurda! E mesmo o nome do capítulo tendo sido colocado antes dele ser escrito, era apenas um conceito que eu tinha do que eu gostaria que ele transmitisse, não é como se eu já tivesse tudo em mente. Por isso o sacrifício que a Ellie fez na batalha foi uma jogada de risco que me surpreendeu, porque eu realmente não esperava isso vindo dela! E o título vale pros dois lados, pois ele conta um pouco do dever da Ellie e do Richard de protegerem Latias e Latios como guardiões, mas contam também sobre o dever que os próprios dragões têm também de proteger seus aliados. No fim das contas combinou legal, apesar de que a ideia inicial era que o título remetesse mais aos protagonistas de Oblivia mesmo.

É isso, primeira etapa da defensiva concluída. Mas agora temos um outro problema sério lá no porto de Alto Mare. Será que o Ethan vai dar conta, ou ele finalmente "vai de Ethan"?

Até semana que vem! õ/

Wings of Eternity - Capítulo 5

 O dever de um guardião

Art by: yayazato

A ofensiva dos Rockets em conjunto com a Societea era um sinal de perigo não só para Alto Mare, como para o mundo como um todo. As pessoas sequer sabiam do que estava prestes a acontecer, mas Ethan não tinha tempo de avisar todo mundo. Junto de Sapphire e Ruby, o rapaz tentava de forma desesperada encontrar Amy. Ele sabia que uma vez que os Rockets tivessem relação direta com o paradeiro de sua namorada, a situação exigia pressa.


O Pidgeot de Ellie sobrevoava a cidade em busca de pistas, mas sem sucesso. Na medida em que se afastavam da área central, as ruas começavam a ficar mais desertas e mal iluminadas.


— Esse lugar está ficando muito vazio — notou Sapphire. — Será que eles podem estar por aqui mesmo? Eu não acredito muito...


— É o tipo de lugar perfeito onde eles podem agir da forma que quiserem com a Amy sem que sejam flagrados — Ethan respondeu com seriedade. — A Team Rocket opera dessa forma: eles agem nas sombras o tempo todo, e só na hora de executar os planos é que eles são extravagantes. Com eles não existe meio-termo.


O Pidgeot começou a sinalizar do alto, fazendo com que o grupo parasse. Os três observaram que a ave se dirigiu para uma determinada rota, reproduzindo as ruas para orientá-los. Assim que chegaram a uma área aberta, Ethan notou que estavam na entrada do porto da cidade.


Conseguiu ver ao longe um movimento, e olhando bem percebeu que se tratava de Amy, sendo levada por Silver e Lyra para algum lugar lá dentro.


— Encontramos ela! Vamos!


• • •


A tensão percorria a espinha de Ellie e Richard. Ambos sabiam o tamanho do problema quando a Societea estava envolvida em algo. Quando pensavam que nunca mais precisariam lidar com o grupo, os dois se viam frente a frente com Purple Eyes e Summer, remanescentes daquela época turva que, ainda que tivesse ficado no passado, lhes causava tormenta nos dias atuais.


A dupla dos guardiões tinha Arcanine e Ampharos a postos enquanto os criminosos ainda não haviam colocado seus Pokémons em batalha. Mas não durou muito. Como já tinham sacado suas Pokéballs, Summer e Purple Eyes colocaram em combate, respectivamente, Liepard e Garchomp para tentar suprimir a resistência dos Ferysen.


— Acha que aqueles três vão ser um problema para Silver? — indagou Summer, um pouco tensa.


— Silver sabe se virar — disse o mais velho. — E Lyra está com ele. Os dois são exímios treinadores, como vimos ao nos conhecermos. O namorado da Campeã é experiente, mas contra os dois ele não tem chance. As crianças que estão o acompanhando são fracas. Dá pra saber só de ver os olhos delas.


— Ele tem razão — Richard sussurrou para sua esposa. — Talvez o Ethan esteja mesmo com problemas. Aqueles dois estão bastante assustados, ainda não estão acostumados a lidar com esse tipo de situação.


— Eu sei, mas nós dois somos necessários aqui agora — Ellie respondeu. — A prioridade é proteger os guardiões, esse é o nosso papel. Para que nossa estratégia de defesa dê certo, somos necessários aqui. O jeito vai ser confiar nos três. Se eles conseguirem algum movimento rápido para soltar a Amy antes dos Rockets reagirem o jogo vira a nosso favor.


— Muito bem, parece que estamos todos preocupados com nossos aliados — disse Purple Eyes seguido de um sorriso malicioso. — Mas será que estamos com tempo para isso?


O casal Ferysen retomou a guarda, entrando em estado de alerta novamente. Mesmo experientes, ambos se deixaram relaxar por um momento. A tensão estava fazendo com que eles abrissem brechas, não focando na situação ao redor para não serem surpreendidos. Purple Eyes prosseguiu.


— Podemos resolver isso sem conflito. Nos digam onde estão os guardiões Latios e Latias, e iremos embora sem causar danos à cidade.


— Se tentarem resistir, ainda que consigam manter os guardiões sob sua custódia, a resistência de vocês pode causar danos irreparáveis a Alto Mare — provocou Summer.


— O que quer dizer com isso? — indagou Ellie.


— Não querem dizer nada — Richard interrompeu abruptamente. — Não estamos aqui pra negociar com vocês, muito menos vamos ser pegos nesse tipo de blefe barato! Se não vão sair atacando, eu vou tomar a iniciativa de tirar vocês daqui a força! Arcanine, use Flamethrower!


— Impulsivo de cabeça quente — Summer tinha um sorriso maldoso em seu rosto. — Liepard, antecipe o ataque com o Sucker Punch!


— Merda!


— Ampharos, rápido! — Ellie tomou sua ação a tempo. — Reflect!


O Pokémon elétrico criou uma barreira de luz que cobria ele próprio e sua dupla. Arcanine ainda foi atingido pelo golpe de Liepard, mas a barreira absorveu metade do impacto, reduzindo de forma drástica o dano causado.


— Tudo bem com vocês, Richard? — perguntou a guardiã preocupada.


— Graças a vocês estamos inteiros sim — respondeu o marido. — Vocês pensaram rápido, isso salvou a gente de um problema.


— Foi um bom movimento, devo admitir que a sincronia entre vocês melhorou muito desde aquela época — interviu Purple. — Mas receio que isso não será suficiente para salvá-los da derrota. Preparem-se para serem subjugados. Garchomp, Brick Break!


O dragão desferiu um forte golpe em Ampharos. O ataque foi poderoso o bastante para quebrar a barreira luminosa que Ellie havia colocado em campo para prover defesa ao seu time, mas a mesma foi cancelada antes da hora e sua parceira foi atingida com força máxima, caindo para trás bastante debilitada.


— Vocês acharam que Oblivia estaria em paz quando nos derrotaram daquela vez — disse Purple. — Acharam que tinham eliminado todos nós. Mas sobrevivemos e passamos todo esse tempo nos preparando para superá-los e ter nossa vingança. Enquanto isso vocês passaram a viver como pessoas normais. Constituíram família. Assumiram outras responsabilidades. Relaxaram. Enfraqueceram.


— Infelizmente, pra vocês, não somos o tipo de pessoa que vai levar isso em consideração na hora de medir a força com a qual vamos devolver a vocês o que fizeram a nós — completou Summer, com a voz mais áspera. — Finalmente os Ferysen vão cair, e não vamos cometer o erro dos nossos antecessores. Vamos atrás de seus filhos também. Do Bem e da família dele. Não vai sobrar ninguém pra buscar vingança contra a gente como o Richard fez. O legado da família Ferysen finalmente vai ser tirado do caminho da Societea, e ela será reerguida!


— Eu acho que vocês não entenderam uma coisa — Richard colocou as mãos no bolso, demonstrando calma. — Não somos os protetores dos guardiões por mera casualidade. Acharam que estaríamos relaxados só porque limpamos a região de alguns vermes como vocês? A nossa tarefa de protegê-los continua.


— Então vamos ver se vocês têm mesmo cumprido com suas obrigações — provocou Summer. — Liepard, Night Slash!


— Esquive, Arcanine! — após se livrar do felino, Richard travou sua mira no outro adversário. — Extreme Speed no Garchomp!


— Contra-ataque com Dragon Rush! — ordenou Purple Eyes.


— Ampharos, vamos ajudar o Richard a manter o um contra um — Ellie tomou a frente da batalha contra o outro adversário. — Thunderpunch na Liepard!


Summer não esperava que Ellie fosse focar em outra coisa senão auxiliar Richard no confronto. Pega de surpresa, ela não teve tempo de dar qualquer comando para Liepard, que recebeu o ataque direto do punho eletrificado do Pokémon da guardiã.


Arcanine e Garchomp, por sua vez, colidiram a toda força criando uma forte onda de impacto capaz de fazer até mesmo as árvores ao redor balançarem, bem como seus próprios treinadores quase caíram para trás sendo levados pela mesma.


Ellie tentou tirar proveito da vulnerabilidade momentânea do Garchomp de Purple Eyes. Era um bom momento para tentar tirar da jogada o adversário mais problemático.


Headbutt! — comandou a guardiã.


Ampharos desferiu um forte golpe com a cabeça. Garchomp tentou se levantar a tempo, mas acabou sendo atingido no tronco. O dragão foi empurrado para trás, demonstrando certa dificuldade em se mexer. O impacto do ataque havia trincado uma de suas costelas.


— Aproveite o espaço, Arcanine! Fire Fang! — ordenou Richard.


Enquanto Liepard se levantava, Summer forçava o punho fechado em fúria.


— Vocês estão achando que são quem pra me ignorar? — esbravejou a ex-ranger. — Liepard, Slash!


Arcanine já havia iniciado sua tentativa de finalizar o Garchomp, e por isso não teve tempo de parar o ataque para se desviar. O canino sentiu as garras da criatura inimiga rasgando a sua região dorsal e caiu antes de chegar ao Garchomp que assim conseguiu tempo para se recompor.


— Arcanine! — o homem exclamou aflito.


Richard se tranquilizou ao ver que seu Pokémon se levantou. Apesar de ter recebido um forte dano, ainda conseguiria continuar a batalha.


Liepard se colocou a frente de seu parceiro de batalha. Ellie e Richard se aborreceram, pois sabiam que era importante derrubar o Garchomp logo, ou pelo menos não dar a ele espaço para fazer o que quisesse na batalha. Mas agora teriam que passar primeiro pela felina, e mesmo se a atacassem juntos para tirá-la do caminho logo ainda assim não teriam tempo de impedir aquele Garchomp de executar o golpe que eles sabiam que teria resultados catastróficos.


— Ellie, consegue subir outra barreira com o Reflect?


— Até consigo, mas o Garchomp vai acabar quebrando com o Brick Break de novo.


— Não tem problema, é isso que queremos que ele faça. Atraia ele para quebrar a barreira, e enquanto isso eu dou um jeito na Summer.


— Ok, pode ser — a guardiã fez um aceno positivo com a cabeça. — Ampharos, você ouviu! Pode ir!


A criatura elétrica ergueu mais uma vez a parede luminosa para oferecer a eles uma defesa extra. Como planejado por Richard, Purple Eyes mandou o Garchomp desfazer a técnica com o Brick Break, significando que eles haviam ganho mais um tempo de sobrevida.


O rapaz fixou seu olhar em Summer, olhando-a profundamente nos olhos. A ajudante de Purple sentiu um frio percorrer a espinha. Era como se tivesse recebido sua sentença final naquele momento. Sentia um instinto feroz vindo do herdeiro dos Ferysen, que com toda a sua fúria ordenou o golpe que a tiraria de jogo.


Flamethrower!


A rajada de chamas engoliu Liepard por completo, que mesmo com sua velocidade não conseguiu correr para fora do alcance do ataque. Quando o ataque cessou, a Pokémon felina foi ao chão com queimaduras severas que a impossibilitavam de se mover.


— Merda! — Summer estava incrédula com a derrota. — Purple, eu...


— Cale-se! Estou tentando me concentrar — o superior a golpeava com um olhar de reprovação, a intimidando. — Você falhou porque não teve competência. Francamente, não dá pra confiar em ninguém mesmo. Vou ter que fazer isso sozinho. Só espero que Silver não seja um atraso como você.


— Uma já foi — disse Ellie.


— Falta o peixe grande — completou Richard, com um sorriso triunfante.


Purple pensou por um instante no que poderia fazer para reverter aquela desvantagem, quando um sorriso de canto se formou em sua boca, levando tensão a Ellie e Richard.


— Vamos dar o que eles querem logo. Garchomp...


— Não mesmo! — Richard interrompeu. — Arcanine, Extreme Speed! Agora!


— Ampharos, use o Take Down!


Os dois Pokémons avançaram na direção do dragão, levando Purple a abrir ainda mais o seu sorriso sádico. O líder da Societea manteve a calma mesmo sob pressão, já que era aquela ação dos guardiões que ele esperava.


— Use o Dragon Rush para se esquivar para longe!


Surpreendendo seus adversários, Garchomp se lançou como uma bala para a direção de onde vinham os dois inimigos. Com sua velocidade, conseguiu completar o trajeto antes que tivesse o risco de se colidir com os outros dois, e quando virou-se para os oponentes estes ainda estavam de costas finalizando seus ataques mal sucedidos.


— Vocês vieram para a minha armadilha como as crianças ingênuas que sempre foram — disse o líder. — A idade não trouxe nada de bom a vocês mesmo.


O casal era tomado pela aflição daquele momento. Sabiam que estavam na posição vulnerável que tanto lutaram para evitar. As peças estavam dispostas no tabuleiro do jeito que Purple Eyes precisava. Ele só precisava fazer um movimento para o xeque-mate.


— Vamos acabar logo com isso. Earthquake!


Uma fissura no chão vinha se abrindo na direção de Ampharos e Arcanine. Ambos tinham desvantagem contra aquele golpe e já estavam debilitados pelos danos sofridos ao longo da batalha. Se fossem pegos era fim da linha.


Podia-se ver Richard num raro momento onde estava tomado pela dúvida, sem respostas. Ele já estava prestes a aceitar a derrota. Ellie olhou rapidamente para seu marido, e logo soube que cabia a ela tomar a decisão final. A única forma de evitar a vitória certa e criar uma situação de tudo ou nada era fazendo um sacrifício. E foi essa a decisão da guardiã.


— Ampharos, lance o Arcanine pra cima com o Headbutt!


Richard se assustou com a ordem de Ellie. Pensou por um instante que sua esposa havia entrado em pânico com a derrota iminente e tomou uma ação desesperada para ver se a sorte jogava a favor. Mas era justamente o oposto. Ampharos foi pego pelo abalo sísmico enquanto Arcanine começava a cair. Quando o canino veio ao chão, o golpe de Garchomp já havia cessado. Seu parceiro estava fora de combate, mas ele ainda estava de pé, mesmo tendo se machucado ao levar a cabeçada.


— Ellie!


— Era a única opção que consegui pensar, Richard. Ou isso, ou nós dois estaríamos à mercê dele — disse a mulher, tentando manter a calma. — É bom que meu sacrifício não tenha sido em vão. Temos que cumprir o nosso dever, a qualquer custo!


O homem respirou fundo, numa tentativa de se recompor. Ele então abriu os olhos, fixando sua visão em Purple Eyes e seu Garchomp.


— Não se preocupe. Eu não vou perder pra esse cara.


Richard sabia que estava em desvantagem. A tipagem de Garchomp era por completo uma muralha resistente a fogo. Não bastasse isso, outro Earthquake de certo significaria o fim da batalha. Mas o rapaz estava convicto de que conseguiria vencer. Sentia que Purple Eyes estava começando a ficar encurralado, já que não conseguiu acabar com aquele confronto de uma vez usando sua principal arma. Ele queria aproveitar essa insegurança.


Extreme Speed! — ordenou para o canino.


Arcanine pegou impulso e começou a correr na direção de Garchomp. O companheiro de Richard movia-se a uma velocidade enorme, quase se tornando um borrão alaranjado aos limitados olhos humanos que assistiam o duelo. Purple não quis perder tempo e resolveu contra-atacar numa tentativa apressada de finalizar aquela batalha logo.


Earthquake!


— Salte para desviar e use o Flamethrower!


Garchomp estava movimentando seu corpo para a frente para executar seu ataque. Devido a isso não teve tempo de reagir à ofensiva planejada por Richard e Arcanine. O dragão foi envolto em um túnel de chamas que o atingiu em cheio.


— Purple! — Summer tentou correr até o aliado, quando foi interrompida pelo mesmo.


— Fique onde está, Summer! — Purple começava a perder a paciência. — Eu vou acabar com esse moleque sozinho! Agora é pessoal.


— Purple, não se deixe levar pelo momento! Temos que focar no objetivo maior e...


— Não venha me dizer o que fazer! Você sequer foi capaz de se sustentar em uma batalha contra eles, foi a primeira a cair! Deixa eu te mostrar como se faz pra lidar com esses estorvos. Garchomp, Dragon Claw!


Garchomp avançou na direção de Arcanine enquanto suas garras estavam envoltas por uma energia ameaçadora. Richard mantinha a calma, ele via Purple começando a entrar em desespero.


— Evasiva e Bite!


Feito como combinado, Arcanine se esquivou de último momento de Garchomp e prendeu um de seus braços com seus dentes afiados, fincando-os na espessa pele do oponente para mantê-lo preso. Sabia que se ficasse fugindo dos terremotos uma hora seria pego, já que seu Pokémon não demoraria a apresentar os primeiros sinais de exaustão. A tática agora era forçar o combate corpo a corpo para tentar restringir os movimentos do inimigo.


Purple sabia que o Garchomp estando preso daquele jeito teria dificuldades para criar outro terremoto. A luta estava em aberto. Ninguém tinha a vantagem naquele momento, e Richard conseguia suprimir sua desvantagem tentando levar seu adversário ao esgotamento antes que ele próprio chegasse ao limite.


— Então vamos resolver isso na força bruta, não é mesmo? — resmungou o mais velho. — Garchomp, prenda-o também usando Dragon Claw!


Garchomp fincou suas garras nas costas de Arcanine, fazendo o Pokémon soltar a mordida para urrar de dor. Richard foi imediatamente pego pelo receio, sabendo que aquele erro de seu Pokémon poderia custar caro.


Com um último comando de Purple, o dragão arremessou o canino na direção de seu treinador. Arcanine caiu aos pés de Richard já inconsciente, deixando os protetores do Duo sem ter como reagir. Sacar outro Pokémon naquele momento seria um erro fatal, pois não daria tempo de evitar uma nova ofensiva dos inimigos. Estavam reféns do acaso naquele momento.


— Vocês já acabaram com a minha paciência — disse Purple Eyes. — Vou terminar o trabalho que deveria ter sido feito vinte e cinco anos atrás.


O homem ameaçou um passo na direção de Richard e Ellie quando um vento forte o fez recuar junto de Garchomp. Nem mesmo o casal estava esperando por aquilo, e ao virar para trás se surpreenderam com a presença daquelas criaturas majestosas que vindo de trás das árvores do jardim se colocaram a frente dos dois treinadores. Era a hora deles retribuírem a proteção que haviam recebido durante tantos anos.


— Latios, Latias! — gritou Ellie preocupada. — Não deveriam ter vindo! A nossa missão é proteger vocês, e não o contrário! Vocês são os alvos!


A dupla permaneceu no local, parecendo ignorar os avisos da guardiã para que recuassem. Os dois dragões fitavam Purple e Garchomp com tamanha serenidade que chegava a intimidar o chefe da Societea.


— O que esses dois estão fazendo aqui agora? — indagou o homem. — Onde estão os subordinados de Silver que deveriam estar fazendo a captura deles?


Um dos capangas da Team Rocket saiu de trás das árvores mancando. Seu uniforme apresentava rasgos, sinalizando que ele esteve envolvido em uma batalha.


— Senhor Purple, não foi possível capturar os lendários — disse o homem, com a voz fraquejando tal qual seus próprios joelhos. — São muito poderosos.


— Droga, a última coisa que precisávamos era que os Pokémons guardiões se unissem aos protetores deles — Summer sussurrou para si. — Se o Purple admitisse a falha dele e não fosse tão teimoso poderíamos recuar para tentar algum plano alternativo...


Purple Eyes deu um suspiro longo. Estava tentando recobrar o autocontrole, pois sabia que a situação agora não permitiria erros. O homem fitou de volta os dois dragões a sua frente com um olhar de quem estaria apostando todas as fichas naquela ofensiva final.


— Vocês estão aqui para serem conquistados por mim — disse o homem. — Vocês não vão me intimidar. Garchomp, use o Dragon Rush!


Garchomp fez o movimento para avançar contra os dois guardiões, quando Latias disparou um projétil contra ele. Uma esfera de energia estourou no peito do dragão de Purple Eyes, fazendo-o recuar. Em seguida, a dragoa disparou uma rajada de chamas arroxeadas na direção do oponente, infligindo uma paralisia momentânea nele.


Mist Ball seguido de Dragonbreath — observou Ellie. — A Mist Ball nunca deixa de ser bela, não importa quantas vezes eu veja.


Latios seguiu sua companheira. Era a sua vez de combinar ataques. O guardião foi envolto por um brilho ofuscante por todo o seu corpo, e disparou na direção de Garchomp acertando uma sequência de ataques numa velocidade indefensável.


Luster Purge — disse Richard. — Faz tempo que não vejo.


Já com dificuldades para se manter em pé, e com suas defesas reduzidas devido ao último golpe recebido, Garchomp tentava resistir como lhe era possível. Mas não duraria muito. Latios levantou vôo em uma maior altitude, criando um vendaval que abriu uma clareira no jardim.


Latias agiu rapidamente para tirar Richard e Ellie de perto do local, levando-os para uma distância segura onde não corriam o risco de serem pegos pelo alcance do ataque que estava por vir.


Latios enrijeceu as asas abertas, materializando com sua energia bruta uma violenta chuva de meteoros que caiu no centro da praça alvejando o Garchomp adversário com pequenas, porém fortes explosões que o fizeram cair inconsciente quase que de imediato.


Purple Eyes, que havia caído para trás após quase ser atingido, se mantinha incrédulo.


Draco Meteor!?


Richard e Ellie sorriam em um misto de alegria e alívio. Dessa vez os guardiões salvaram suas vidas.


— Essa foi por pouco — disse a mulher, já um pouco ofegante. — Por muito pouco.


— Não é possível! — o líder da Societea esbravejou. — Não consta nos nossos registros que Latios aprende essa técnica! Não de forma natural!


— Eu não sei se consta nos seus tão estimados registros, mas Latias e Latios não possuem local fixo — explicou Ellie. — Eles migram de tempos em tempos entre Oblivia, aqui em Alto Mare...


— E Hoenn — completou Richard, que se aproximou do homem, se agachando para ficar cara a cara com ele. — Considere esse novo poder dele como um presente do povo draconid.


A expressão de fúria no rosto de Purple Eyes era revigorante para a dupla de guardiões. Além de terem conseguido pará-lo, tinha como um gosto extra o fato de que era difícil tirá-lo do sério. Ellie e Richard se cumprimentaram com um high five, selando o consenso de dever cumprido.


— Parece que não estamos enferrujados — disse Ellie.


— Claro que não — respondeu Richard, sorrindo. — Cuidar das crianças é um treinamento mais pesado do que qualquer outro.


— Heh, verdade. Espero que o grupo do Ethan tenha resolvido por lá também. Vamos adiantar as coisas por aqui chamando a polícia. Temos um lugar que pode oferecer uma boa hospedagem pra esses aí.


FIM DO CAPÍTULO


  

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