Postado por : ShadZ Apr 17, 2020

Wattson


Mauville era envolta por um incomum clima chuvoso naquela tarde. Wattson caminhava pela rua principal com um guarda-chuva aberto, com passos apressados. Nas costas, levava uma grande bolsa que parecia lotada. A expressão no rosto do velho homem era de desconforto devido ao peso que carregava, mas era o que tinha que fazer naquela hora.

O líder de ginásio era uma pessoa respeitada na cidade inteira. E ele se sentia responsável por fazer tudo por lá funcionar da forma correta. Wattson foi um dos engenheiros que idealizaram o projeto da Usina de Nova Mauville, que gerava eletricidade para toda a região de Hoenn. No entanto, não só à usina e ao ginásio se restringiam as atividades dele.

Dobrando algumas esquinas para as ruas mais afastadas do centro da cidade, o homem chegou a um casarão de arquitetura bem antiga. O aspecto melancólico do lugar o freou por um momento, mas ele respirou fundo e passou pelo portão da frente em direção à recepção.

A sala da entrada do casarão era muito bela, de aspecto muito antigo, mas bem conservado. A iluminação que vinha de fora era pouca, dando à sala um tom amarelado que realçava o papel de parede e o carpete. Atrás do balcão, uma senhora que trabalhava como recepcionista o recebeu.

— Sr. Wattson, que prazer vê-lo novamente! — a senhorinha sorria de orelha a orelha. — Já estávamos sentindo a sua falta.

— Boa tarde, Sra. Brunswick. Faz mesmo um bom tempo que não venho aqui. Andei ocupado agora que o ginásio reabriu por causa da nova temporada da Liga. Tive mais desafiantes essa semana do que no início das temporadas passadas.

— Então quer dizer que a Liga desse ano vai ser bem movimentada.

— Nem me diga! Mas tomara que esse movimento caia logo ou eu vou acabar ficando doido. Mas então, cadê elas?

— Já vou te levar lá, só um segundo.

A recepcionista fez algumas anotações rápidas em um caderno e seguiu para a porta que dava para a parte de dentro da casa, com Wattson a seguindo de perto. O interior do local era bem diferente do belo exterior e a recepção bem decorada. As paredes dos corredores eram bem antigas, com a tinta de tom frio de azul descascando em várias partes. As partes que ainda tinham a tinta intacta ou apresentavam o aspecto encardido de bolor, ou já tinham marcas de infiltração. Uma única lâmpada incandescente velha iluminava o local de forma precária.

O estômago do velho começou a revirar só de imaginar o que viria em seguida. E ele sabia. Ao terminar de atravessar aquele corredor, que sempre parecia bem mais longo do que realmente era, os dois chegaram a um refeitório onde quatro mesas longas comportavam inúmeras crianças, todas elas magras e pálidas. Wattson não sabia se havia perdido a capacidade de distinguir as cores, ou se aquele cinza mórbido que dominava o local era de verdade.

— Crianças, adivinhem quem está aqui hoje — a Sra. Brunswick anunciou a chegada da visita, atraindo os olhares daquele salão para ela e Wattson.

Ao perceberem a presença do líder de ginásio, todos correram até o homem, que por pouco não se desequilibrou com tantas crianças o cercando. Elas já começavam a demonstrar animação por causa da enorme sacola que ele carregava.

Era sempre daquele jeito. Transtornado com o abandono daquelas crianças, Wattson pensava em compensar a situação trazendo alguns brinquedos de tempos em tempos, mesmo que isso significasse tão pouco perto do que aqueles órfãos não tinham.

O velho, porém, não reagia muito bem àquela cena. Anos se passaram sem que ele se acostumasse com aquilo. Toda vez que via aquelas crianças sorrindo em meio àquela escuridão sua vontade era de ir embora o quanto antes. Mas tinha que ficar. Era o que precisava fazer.

Após distribuir os brinquedos e dar uma grande palestra para as crianças sobre nunca desistir dos seus sonhos e como elas poderiam algum dia se tornarem treinadores de grande sucesso, Wattson finalmente concluiu o seu trabalho lá. Não gostava de ir até o orfanato não por desgosto daquelas crianças, mas porque não sabia lidar com a tristeza e o desamparo daqueles que sabia que nunca haviam feito nada de errado para merecerem aquilo. Estavam jogadas às obras do acaso, e o líder era uma das poucas figuras de onde conseguiam tirar um mínimo de esperança.

Mas antes de passar pela porta que o levaria de volta à recepção ele foi interrompido por Brunswick, que lhe pedia mais uma vez para resolver um velho problema.

— Ele mais uma vez não saiu do quarto. Não come há dois dias e não se relaciona com as outras crianças. Está magérrimo, qualquer hora vai acabar adoecendo.

— Ok, me leva até ele.

Wattson foi levado por uma escadaria velha para o andar superior. A cada degrau pisado, as tábuas rangiam como se fossem ceder a qualquer momento, causando desconforto para ele. Alcançaram um corredor, este um pouco melhor em questão de aparência, que dava acesso aos quartos.

Uma das portas foi aberta por Brunswick, que se virou para o velho com um olhar de preocupação.

— Por favor, veja o que o senhor pode fazer para ajudar. Nós não sabemos mais o que fazer com esse garoto.

O líder entrou no quarto. Sentado na cama estava um garoto ruivo. Ele olhava fixo pela janela, quieto e solitário, sem sequer fazer um movimento mínimo ao notar a entrada de Wattson. O líder de ginásio logo estranhou as feições do garoto. Era um olhar vago, mas que escondia raiva e ressentimento. Lembrava muito o mesmo quando criança, sempre culpando o mundo e as outras pessoas pelas coisas ruins que havia passado. Mas o que mais o surpreendeu foi o porte físico do garoto. Estava muito magro, mais até do que as demais crianças do orfanato.

Wattson deu um leve pigarro, o que parece ter despertado o menino do transe. O ruivo fixou seus olhos cinzas no homem, que por pouco não se arrependeu de ter lhe chamado a atenção. Era como se aquela criança fizesse uma avaliação de cima a baixo do velho naquele momento.

— O que você quer? Eles acharam que iam me deixar feliz ou impressionado trazendo um líder de ginásio pra vir falar comigo? Desde quando vocês se importam? Estão preocupados porque se eu morrer de fome eles é que vão ter que se explicar.

A fala e as atitudes do garoto eram agressivas. Wattson se sentia quase intimidado, pois aquela recepção hostil era bastante difícil de lidar. Ele não sabia como deveria tentar se aproximar do menino, pois era ele quem havia assumido o controle da situação.

— Olá, rapazinho! — o líder então resolveu iniciar a conversa da forma mais próxima do natural que podia. — Como se chama?

— Não é da sua conta! Por que não volta lá embaixo pra ser bajulado pelas outras crianças? Aposto que faria muito bem pro seu ego!

Wattson se esforçava para não recuar. Não queria dar àquele garoto a certeza de que estava no comando da conversa. Ele conhecia aquele tipo de comportamento. Já viu vários casos assim. Ele mesmo já foi um caso assim. Resolveu ignorar a resposta atravessada e tentou ver até onde conseguia levar aquele diálogo.

— Eu já estive com elas, mas soube que você tem andado muito isolado nas últimas semanas e não tem se alimentado direito. Estou aqui pra conversar com você, caso queria me dizer o que está acontecendo.

Wattson caminhou até a cama e se sentou ao lado do garoto, apoiando uma mão no ombro dele.

— Você... — o homem tentava encontrar a melhor maneira de fazer aquela pergunta sem criar uma situação desagradável. — Chegou aqui recentemente?

O garoto encarou Wattson por um momento, notando a expressão de pesar do homem. O menino, porém, tinha uma expressão impaciente, se sentindo constrangido pela ação do homem.

— Sim, estou aqui há um tempo — disse estapeando a mão do velho para que não o tocasse. — Mas não é como se eu estivesse precisando de ajuda. E se eu precisasse eu jamais pediria a um treinador.

— Algum treinador já te causou algum mal?

— Não te interessa!

Wattson não sabia ao certo o que acontecia na mente daquela criança, mas pela primeira vez em muitas idas àquele orfanato ele se viu intrigado. Se todas as outras pessoas ali lhe traziam uma sensação de tristeza e impotência por não poder ajudar todos da maneira adequada, agora ele via alguém que despertava nele uma curiosidade que nunca havia sentido. Ele sentia que aquele garoto precisava de ajuda mais do que tentava fazer parecer.

— Eu não sou seu inimigo, e as pessoas daqui também não são — disse Wattson. — Por que não deixa a gente te ajudar?

O menino cruzou os braços e virou as costas para o velho, que nada pôde fazer a não ser encerrar aquela discussão por ora.

— Bom, eu não vou te forçar a nada. Mas não pense que vai conseguir ir a algum lugar estando sozinho o tempo todo. Fique bem, garoto.

Na noite daquele mesmo dia Wattson entrava pela porta de seu apartamento, cambaleando de embriaguez e com dificuldade de assimilar o que estava a sua volta. Não sabia nem como havia conseguido chegar a sua própria casa, mas tinha a certeza de que aquele garoto havia mexido com seus nervos.

Caminhou direto para seu quarto após trancar a porta da frente. Olhou para o relógio: duas e quarenta e três da madrugada, foi o horário que identificou com bastante dificuldade devido à sua vista que parecia multiplicar tudo que enxergava. Antes de deitar na cama, abriu seu guarda-roupa e pegou uma sacola do fundo do móvel e a jogou em uma poltrona que havia no canto do quarto.

— Amanhã vou usar isso pra dar uma lição naquele pivete — foi o último resmungo que ele conseguiu dar antes do álcool o fazer desmaiar na cama.

• • •

A noite passou, e na manhã seguinte lá estava o homem em frente ao orfanato de novo. Já entrou de vez na recepção, causando surpresa em Brunswick.

— Sr. Wattson, você de novo? E o que significa isso?

— Depois eu explico, cadê aquele garoto de ontem?

— O Ian? Deve estar no quarto, como tem se mantido há tanto tempo...

Wattson caminhou direto para a parte de trás da recepção, que dava no corredor de acesso aos quartos. Brunswick foi desesperada atrás dele, uma vez que as visitas deviam ser marcadas com antecedência, logo as regras da casa estavam sendo descumpridas.

O líder de ginásio foi subindo as escadas e dobrou o corredor em direção ao quarto do garoto. Parecia ter decorado o caminho no dia anterior. Quando abriu a porta, já estava preparado para lidar com a expressão rancorosa da criança, mas foi surpreendido ao ver o cômodo vazio.

— Ele finalmente saiu do quarto? — perguntou o homem.

— Não que eu saiba — comentou a recepcionista, igualmente surpresa. — As meninas teriam me avisado, estamos observando esse menino desde que ele chegou.

Após um bom tempo procurando quaisquer sinais de Ian, ninguém no orfanato conseguiu encontrá-lo. Os funcionários da instituição já começavam a ficar preocupados. Se algo acontecesse a um dos órfãos eles poderiam ser severamente responsabilizados, mas não tinham nem ideia de onde procurá-lo ou a situação que se encontrava.

— Não tem nenhuma pista que vocês podem me dar sobre o garoto que pode indicar onde ele teria ido?

— Não sabemos nada sobre ele, apenas que perdeu os pais recentemente. Pelo que parece os dois eram pesquisadores do Centro Espacial de Mossdeep, mas tentaram reagir a um roubo.

Wattson se manteve reflexivo. Havia ouvido falar daquele caso. Os pesquisadores trabalhavam para o Centro Espacial, mas moravam em Mauville. Tinham uma condição financeira boa e moravam em um bairro nobre da cidade. A casa tem estado vazia desde então.

— Vou verificar uma coisa, não saiam daqui e me liguem caso ele apareça.

O líder saiu apressado cruzando as ruas de Mauville. Os olhares das pessoas eram de surpresa e alguns até mesmo de estranheza devido a sua aparência naquele momento. Mas o homem ignorava. Não era fácil reconhecê-lo daquela forma, ainda mais com a rapidez com que ele ia correndo até seu destino.

Quando chegou a uma área residencial de alto padrão, o líder caminhou até uma bela casa que estava vazia. Parecia habitada uma vez que os pertences pessoais da família ainda estavam no local, mas não havia ninguém lá.


Wattson circulou em volta da residência, caminhando devagar pelo jardim e observando tudo com atenção, a fim de encontrar algum detalhe que pudesse servir de pista do paradeiro de Ian.

— Droga, nada aqui — o homem se sentou na escada da porta da frente e começou a murmurar suas deduções. — Ele poderia estar vindo para cá. Será que se perdeu no caminho?

O homem então começou a pensar no trajeto entre o orfanato e aquela rua, procurando mentalizar os lugares que separavam os dois pontos. Foi então que ele percebeu que havia uma rua que dava em um local que o colocou em estado de urgência.

— Mas que merda!

E assim ele saiu correndo de volta pelo caminho de onde veio.

• • •

— O que você tem pra nos dar, moleque? — a voz áspera de um homem de pouco menos de trinta anos podia ser ouvida de uma esquina a outra daquela viela suja.

Ian se mantinha quieto, recuando cada vez mais contra os muros daquele quarteirão enquanto o homem e alguns comparsas o cercavam, aparentando estarem sob efeito de drogas.

— Não te conheço, aqui só circula quem é da área. Se não tiver nada pra passar pra gente tá fodido!

O homem arremessou uma garrafa que estourou no muro, logo ao lado da cabeça do menino. Ian não sabia se o homem fez aquilo apenas para intimidá-lo, ou se realmente tentou acertar a sua cabeça e acabou errando o alvo devido ao seu estado entorpecido. Tudo que sabia era que da garrafa quebrada um cheiro forte de álcool exalou por todo o local.

O garoto havia entrado na rua errada enquanto caminhava até sua casa, entrando sem querer na área industrial da cidade que era temida por seu índice de criminalidade.

Os quatro tiraram Mightyenas de suas Pokéballs. Usando Pokémons iguais era possível perceber que se tratava de uma gangue que trabalhava em equipe para praticar seus atos. Os caninos encurralaram Ian, que já não tinha mais para onde correr. E nem conseguiria, pois sendo uma criança seu porte físico tornava impossível ele conseguir correr mais que aqueles Pokémons.

Quando os Mightyenas deram o bote para atacar o menino os quatro foram atingidos de uma vez só por uma densa descarga elétrica. Todos ali presentes tiveram sua atenção voltada para um Manectric acompanhado de um homem velho vestido de palhaço.

— Ninguém encosta nesse garoto! — o homem bradou apontando o dedo para o centro da confusão.

— Wattson! — Ian gritou por instinto, não conseguindo esconder a sua surpresa. — O que está fazendo aqui? E que roupa é essa?

— Longa história, moleque, agora corre aqui e fica atrás de mim.

— Eu não pedi sua proteção! Vai embora!

O líder de ginásio caminhou até o garoto e o puxou pela gola da camisa, o jogando atrás de si de modo que não pudesse ser alcançado pelos delinquentes sem que eles passassem pelo homem antes.

— Eu não perguntei o que você quer, seu pirralho revoltado! Não interessa se você pediu ou não por proteção, eu sou o líder de ginásio dessa cidade e pra mim isso é o que tem que ser feito. Agora fica quieto aí enquanto eu lido com esse problema em que você nos meteu!

Wattson ainda agarrou a mão de Ian, fazendo o menino abri-la para receber um balão em formato de coração.

— Segura isso aqui rapidinho, só pra eu poder batalhar melhor.

— Qual é a tua, otário? — o líder do grupo começou a encarar Wattson com um olhar ameaçador. — Não vai pensando que não vai arrumar problema com a gente só porque é velho! Mightyena, arrebenta esse Manectric com o Assurance!

Thunder Wave!

Ao comando de Wattson, seu Manectric envolveu o líder da matilha em um vórtice de energia elétrica, interceptando sua movimentação. Wattson sorriu triunfante.

— Certo amigo, os outros três vamos derrubar de uma vez só. Discharge!

Ian estava boquiaberto com o que via a sua frente. Não sabia se era com aquele show de luzes ou se a destreza de Wattson como treinador o havia tocado de alguma forma. Tudo que sabia era que naquele momento estava feliz de ver um grande treinador em ação. Agora entendia porque líderes de ginásio como aquele velho homem eram tão admirados.

Com três dos quatro Mightyenas derrotados em um único golpe, os arruaceiros logo perceberam a diferença de nível entre eles e o treinador daquele Manectric. Wattson virou seu olhar para o líder do bando para lhe dar um último aviso.

— Só sobrou você, e seu Pokémon está paralisado. Tem certeza que quer levar isso adiante?

Contrariado, o homem recuou seu Mightyena para a Pokéball, e assim fizeram os outros integrantes do grupo. Após eles dispersarem, Wattson caminhou de volta até Ian, com Manectric ao seu lado. Um breve silêncio rompeu entre os dois, até que o garoto começou a rir.

— O que houve? — indagou o treinador se animando com aquela reação.

— Eu só não digo que você foi incrível porque você tá ridículo com essa roupa!

O velho riu junto com o menino. Talvez aquela fosse a forma dele agradecer e ao mesmo tempo não demonstrar os sentimentos. Mas havia conseguido tirar um sorriso daquele rosto carregado de rancor e sofrimento. Havia cumprido sua missão, ainda que não da maneira que esperava fazer aquilo.

• • •

Wattson e Ian caminhavam de volta para o orfanato. O líder continuava chamando a atenção das pessoas na rua com sua roupa de palhaço, mas não se importava. Estaria realmente incomodado caso algo ruim tivesse acontecido ao menino.

— Então garoto... — o homem não sabia como encontrar as palavras certas para perguntar aquilo. — O que aconteceu com você foi por causa de treinadores? Por isso você não gosta de nós?

Ian ficou em silêncio por alguns segundos. Wattson por um momento pensou ter tocado naquele ponto delicado cedo demais, mas logo a resposta veio.

— Sim, foi por causa de treinadores estranhos. Eles eram encapuzados e usavam uniformes, eram um grupo de três. Queriam roubar documentos importantes e meus pais foram mortos tentando evitar. Eu sei que não são todos os treinadores que são ruins assim, mas me perguntava onde estavam os bons naquele momento? Não tinha um líder de ginásio ou membro da Elite para salvar os dois? Por isso eu comecei a culpar todos.

O menino percebeu que Wattson ficou em silêncio o observando. Ele se assustou e logo tratou de se explicar.

— M-mas isso já passou! Eu sei que era besteira minha! Depois da forma como você batalhou hoje eu sei que posso contar com vocês! Eu agradeço muito por você ter vindo me ajudar mesmo depois de tudo aquilo que eu te disse ontem.

— Não precisa se desculpar, garoto — o líder disse com um suspiro. — Você está coberto de razão. Nós não somos os heróis que a mídia tenta pintar pra população. Eu sou apenas um treinador profissional exercendo minha profissão que é decidir quem vai e quem não vai pra Liga. Da mesma forma é a Elite. Mas eu tenho um senso de responsabilidade com a cidade. E a minha preocupação não era ser nenhum tipo de salvador da sua vida. Era apenas evitar que algo ruim te acontecesse. Você ia se machucar, o orfanato ia responder judicialmente, eu ia ver a cidade que tanto amo ter seu nome manchado por conta de um crime contra um menor de idade. Ninguém ia sair ganhando com isso.

Quando retornaram ao orfanato, a Sra. Brunswick correu até Ian o abraçando forte. A mulher se segurava para não chorar, tamanha era a preocupação. Após ser solto pela recepcionista, Ian virou-se para Wattson e o encarou por alguns segundos. O garoto deu um sorriso.

— Bem, acho que vou subir para o quarto.

— Isso mesmo, vai logo — disse o velho. — Você tem que pegar suas coisas.

Tanto Ian como Brunswick olharam surpresos para Wattson, e em seguida trocaram olhares confusos. O líder percebeu a situação e deu uma gargalhada enquanto massageava a sua barriga avantajada.

— O que foi, moleque? Achou que ia ficar aqui pra sempre? Brunswick, traz a papelada! Nós vamos pra casa!


FIM DO CAPÍTULO

  


{ 8 comments... read them below or Comment }

  1. Yo!

    Achei esse especial demasiado interessante e curioso. No fundo, mostra o Wattson que conhecemos no capítulo 24 e que salvou Sapphire e Torchic. Assim como eles, Ian foi salvo pelo Líder de Ginásio e no final acabou por ser adotado pelo mesmo. Mas agora, o que é que isso significa? Iremos conhecer Ian no futuro?

    Adoro muito essa faceta de herói do Wattson. Da mesma maneira, gostei de conhecer esse ponto de vista de Ian. Ver os pais ser assassinados por treinadores violentos não deve ser nada fácil. Daí o menino sentir que se deve isolar do resto do mundo, incluindo os Líderes de Ginásio e o pessoal da Liga. Estou ansioso para ver como isso vai correr agora que ele irá viver com Wattson.

    Vai com tudo Shadow!

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    1. O legal do Wattson é isso. Ele tem esse jeito mais descontraído, mas como visto no capítulo 24 e agora ele também sabe agir com seriedade quando é necessário. A adoção do Ian foi apenas um desfecho legal para o capítulo. O menino até aparece no 25, mas não tem uma participação de peso na história. É apenas uma referência a esse especial mesmo.

      O Ian teve um trauma por conta do que aconteceu à família dele, por isso se fechou completamente para todos os treinadores. Pra fazê-lo voltar a aceitar treinadores, só mesmo o Wattson chegando vestido de palhaço pra salvá-lo de ser atacado por Mightyenas. Bem, cada herói com a sua capa. :v

      Até a próxima! õ/

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  2. Que capítulo bonito, gostei de ler. Espero por mais, agora vou ler a história principal kkkkk
    Até depois!

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    1. Que bom que curtiu, White! Esses especiais são feitos para mostrar um pouco mais da vida dos líderes de ginásio fora do plot principal, onde muitas vezes não temos tempo de deixá-los ter um pouco mais de destaque.

      Estarei no aguardo! kkkkkkkkkkkkk

      Até a próxima! õ/

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  3. Chegamos ao terceiro Gym Leader's Life, você já ultrapassou o meu antigo recorde que era de dois míseros líderes kkkk Nunca me conformei com o fato de que dei tão pouca atenção a personagens que gosto tanto, mas fico feliz que você esteja fazendo jus à galera de Hoenn que são de longe os meus preferidos! De certa forma, eu meio que estou como co-produtor desse especial kkkkkk E encaro isso como uma redenção de meu fiasco em Sinnoh. Pude acompanhar um pouquinho do seu processo até agora com cada líder, mas o final é sempre uma surpresa agradável que gosto de deixar para descobrir na hora da leitura.

    Eu diria que o Wattson é um dos mais difíceis líderes de se trabalhar. Ele não tem muitos fãs, tem esse jeito de tiozão que faz as pessoas não o levarem muito a sério de primeira, mas talvez este também seja o seu maior charme. Você conseguiu aqui aquela mistura entre drama/comédia que eu tanto queria, depois de muito refletirmos sobre o desfecho fui pego desprevenido por essa adoção kkkkkk Eu gostei que você manteve a essência dele, um cara que só quer fazer as pessoas sorrirem, nem que isso o leve a se vestir de palhaço e dar uma surra em alguns criminosos. Agora entendo porque eu precisava ler esse aqui antes do 25, vamos ver o que você preparou para essa batalha. Foco e força que o próximo Gym Leader's Life é da sua diva, quero ver esse especial completinho com os oito líderes sem falta!

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    1. É obrigação minha, né cara? kkkkkkkkk Se eu quis o nome do especial emprestado, então agora tenho que levar adiante! E fiquei feliz de ter conseguido completar o do Wattson a tempo. Dos sete capítulos restantes para fechar a Omega Saga esse era o que mais me preocupava justamente por não saber como trabalhar com o Wattson e sua personalidade. Mas graças à base que você montou pro capítulo eu pude desenvolver essa historinha com ele e ainda assim te dar um final que você não esperava kkkkkkkkkk

      Eu juro que pensei no Wattson vestido de palhaço de última hora, mas nada poderia combinar mais com esse velho idiota do que uma peripécia desse naipe kkkkkkkkk Depois disso até passei a gostar mais dele, e olha que eu tenho horror de palhaços :v

      Que venha a Flannery fogosa, né? Cara, nem acredito que ela já é a próxima líder de ginásio a aparecer. Como o tempo passa. Quem diria que eu estaria aqui pronto pra terminar uma temporada e mandar a Sapphire pra Lavaridge pra conhecer a rainha da porra toda? Isso tudo é por conta do apoio que vocês têm me dado, saiba disso!

      Até a próxima! õ/

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  4. Olá, olá
    Gente é sempre estranho vir comentar aqui, mas tudo bem kkkkkkkkk cá estou, tudo por essa histórias.
    Olha, falando sobre os especiais dos lideres eu acho que esse foi o que mais me surpreendeu, porque assim, por Roxy e Brawly serem os primeiros líderes muito marcados por suas profissões (professora e surfista) eles acabam ficando muito parecidos em suas personalidades na maioria das fanfics, com exceção da Roxy do André, porque aquela ali meu filho... o baixinha invocada, enfim, então o Watson me surpreendeu, de maneira boa. Acho que a personalidade dele condiz bastante com a que foi apresentada no capítulo anterior da historia principal, e aí eu te parabenizo por estar fazendo esses spin-offs, pois eles realmente acrescentam para a história para quem se dá ao trabalho de ler (eu sei que muita gente não faz, eu tenho um spin-off postado no próprio site, então...).
    Eu acho que o que mais chamou a minha atenção foi, aparentemente e mesmo que mostrado de forma breve, ele ter um problema com a bebida, faz sentido, acho que você poderia ter trabalhado mais aí, foi só um caso isolado ou ele é um alcoólatra em potencial?
    Na relação dele com o Ian, foi trabalhada brevemente, claro você tem uma one-shot para fazer tudo acontecer, mas acho que convenceu. Agora eu to ansiosa para ver a Sapphy e o Ruby indo até o ginásio e topando com o guri que o Watson adotou, eu não esperava por esse final, aliás, e eu gostei, fez todo sentido dentro do desenvolvimento da trama. Eu sempre gosto do Watson como líder de Hoeen porque é nele que as pessoas começam a dar suas grandes variadas e a me surpreender suashuahsaush
    No mais, parabéns pela história, sei que demorei para vir, mas em breve to dando as caras nos capítulos postados lá no Spirit!

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    1. Wattson era um dos pontos mais preocupantes pra mim nessa primeira temporada. Primeiro que eu não soube introduzir um desafio que ele pudesse criar pra Sapphire se mostrar apta a desafiá-lo, então tive que planejar toda uma sequência de eventos e criar um contexto que a permitisse pular essa etapa. E segundo, talvez o pior de tudo, como eu criaria um especial com ele. Eu não tinha ideia de como trabalhar essa personalidade de tiozão que ele tem e encaixar em algo plausível, então contei bastante com a ajuda do Canas, autor de Sinnoh, para que pudéssemos criar um ponto de partida para construir o background dele.

      Eu achei interessante a sua interpretação sobre uma possível condição de alcoolismo dele. Isso não foi pensado em nenhum momento para essa história, eu nem escrevi a cena com a intenção de mostrá-lo afundado em bebidas (o que me diz que talvez eu tenha exagerado na dose, e eu juro que isso não foi um trocadilho). Era mais uma situação comum onde ele está passando seu tempo em um bar como muita gente faz, e por coincidência ele estava com o humor ruim no momento pela situação que havia vivenciado no orfanato horas antes. Nunca estive em um, mas pessoas que estiveram me contaram que é uma experiência bem pesada, então quis mostrar um pouco desse desgaste nele. Não no sentido de desprezar os órfãos, mas sim pela sensação de impotência que muitas vezes atinge quem visualiza tudo. Voltando ao ponto central desse tópico, eu até tenho pretensão de trabalhar a dependência química em outros personagens, mas realmente o Wattson não era um alvo desse papel.

      Fico feliz que tenha gostado do desfecho. Se a gente para pra pensar é algo bem clichê, mas acho que passa uma boa mensagem e pra situação talvez não tenha sido tão previsível assim.

      O terceiro ginásio é realmente um ponto importante nas histórias. É interessante pensar que 2 insígnias conquistadas ainda é pouco e de repente 3 já se torna uma quantidade relevante. E teremos um ponto de ruptura nessa batalha que servirá de base pra muito do que vai ser explorado na temporada seguinte. Aperte os cintos que esse fim de temporada será intenso!

      Até a próxima! õ/

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